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CRONICANDO

O 1º “banqueiro" saltense

Revisando o livro que pretendo lançar sobre pessoas que se destacaram em alguma atividade na cidade, tiveram conduta peculiar, inovadora ou curiosa, me deparei com a biografia de Octávio da Rós, um comerciante que participava ativamente da vida saltense e que tomava algumas atitudes originais que serão devidamente registradas nessa minha nova obra.

Com 16 anos de idade ele assumiu o armazém do seu pai, que se localizava na esquina das ruas Prudente de Moraes e José Galvão. Era a época da 2ª Grande Guerra Mundial (década de 1940), quando faltavam muitas mercadorias na cidade. Tomou a iniciativa de ir buscá-las em São Paulo e vendia à população de uma forma que a situação exigia. Como as pessoas não tinham condição de comprar, por exemplo, 1 quilo de arroz, 1 quilo de feijão ou café, ele abria os pacotes e vendia as mercadorias “picadas”, ou seja, em quantidades menores. Vendia fiado e quando as pessoas faziam o pagamento no dia 10, entregava pacotes de balas ou biscoitos como brinde.

Ele pode ser considerado o primeiro “banqueiro” saltense, mesmo sem ter agência na cidade. Para suprir essa falta, atendia as pessoas que precisavam realizar alguma transação com o banco, encaminhando seus pagamentos, saques, depósitos, etc., para São Paulo, para onde ia vestido com terno e gravata. Circulava pela metrópole paulista com sua pastinha, parecendo um executivo (foto). Na volta, atendia as pessoas até altas horas da noite, em sua casa, onde prestava conta dos movimentos bancários que fizera na capital, cobrando uma pequena taxa.

Vendia frutas e verduras à população, que plantava num terreno no Bairro da Estação; fez parte de diversas entidades e praticava esportes, como a bocha. Uma vez, formando dupla com Tita Ferrari, ganhou um torneio e “premiou” os 2º e 3º colocados com chupetas. Foi eleito vereador na 1ª Câmara de Vereadores, na redemocratização de 1947.

Participei de um episódio curioso com ele: a Saltense foi jogar em Rio das Pedras, na década de 1990 e, como na partida realizada em Salto contra a Riopedrense houve agressões contra os visitantes, tudo indicava que haveria o revide. Por isso, fui até aquela cidade, para fazer a reportagem do jogo, com uma credencial do jornal O Estado de S. Paulo, para o qual eu escrevia. Apresentei-me aos diretores rio-pedrenses, me identifiquei como jornalista de São Paulo e circulei pelo estádio todo, tirei fotos, enquanto a torcida da Saltense ficava num dos lados do campo. No intervalo da partida fui até o lado onde ficava a torcida da equipe local para tomar um refrigerante no único bar existente e passei em frente à arquibancada, quando ouvi alguém gritar lá de cima, se dirigindo a minha pessoa:

- Ei, Varte Lenzi, jornalista do Taperá do Sarto!

Surpreso por ter sido identificado, vi que o grito procedia do Octávio da Rós, que tinha parentes na cidade, além de ser conhecido por muitos, por isso tinha trânsito livre no meio da torcida local. Mais do que depressa, voltei e fui para o lado onde se encontrava a torcida da Saltense, pois não havia mais como fingir, e ali permaneci até o fim da partida.

E por mais umas 2 ou 3 horas aguardando a chegada do reforço policial de Piracicaba, que nos tirou do estádio e impediu que fôssemos atingidos pelas pedras que a torcida da Riopedrense atirava contra nós.

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