QUEM FOI QUEM
João B. Milioni, comerciante e vereador aguerrido, sempre na oposição
João Baptista Milioni fazia parte de um dos ramos da família Milioni, que chegou a Salto por volta de 1903-1904, representada pelo o casal Zefferino-Maria Dante, procedente da Itália. Seu pai, Rigo, casado com Clélia Zanotta, era o primogênito da família também conhecida como “Roma”. O casal teve 6 filhos: João, Arlindo, Olga, Umberto, Pedro Zeferino e Nair. João casou-se com Anna Teixeira, filha de Francisco, ex-prefeito de Salto, que era conhecido como” Chiquinho Teixeira”. O casal teve 4 filhos.
Realizou seus primeiros estudos em Salto, mas como em sua cidade não havia condições de prosseguir continuar se aperfeiçoando, fez o curso de contabilidade no Colégio Dom Bosco, em São Paulo.
Ele era uma pessoa de grande personalidade, que primava pela retidão de caráter, tanto em sua vida particular como nos anos em que foi vereador na Câmara Municipal de Salto. Foi eleito por duas vezes, de 1952 a 1955 e de 1960 a 1964, militando sempre na oposição. Naquela época Vicente Scivittaro (“Chinchino”) governava a cidade e João Milioni, discordando dos métodos da administração desse líder popular que governou Salto por duas vezes, fazia oposição cerrada no Legislativo. Travava debates intensos com os situacionistas e até enfrentava os adversários quando eles apelavam para o desforço físico. Foi o que ocorreu, por exemplo, numa sessão realizada em 1961, que inclusive foi denominada como “sessão pugilato”.
Tudo começou quando o vereador Henrique Milhassi solicitou que fosse retirada da ata a expressão “vagabundo”, utilizada pelo vereador Anésio Bovolon contra Flávio Della Paschoa. Formou-se um tumulto, com todos falando ao mesmo tempo, inclusive depois da sessão ter sido suspensa. João Milioni tentou apartar, puxando o vereador Bovolon pelo braço, enquanto Della Paschoa pegava uma cadeira para atirar contra ele, sendo impedido por Joaquim Sontag. João Milioni estava tão nervoso, que quando José Batista de Aguiar regressava ao plenário, achando que ele iria agredi-lo, desferiu um violento sopapo, nocauteando o integrante da facção adversária.
No comércio – João Milioni destacou-se no comércio saltense, inicialmente no Armazém Teixeira, como sócio do seu sogro, Francisco Teixeira, e depois como único proprietário. Encerrou as atividades do armazém e passou para o ramo de materiais de construção, no mesmo local onde funcionava o armazém: Rua Dr. Barros Jr., esquina com a Rua 23 de Maio, passando-o para os filhos quando se aposentou, na década de 1970.
Foi também diretor do primeiro consórcio de veículos que existiu em Salto, na década de 1960, que funcionava na Rua Monsenhor Couto. Também atuou no esporte local, como diretor da Associação Atlética Saltense.
Sem velório – João faleceu em 11 de novembro de 1978 e o fato curioso é que, em vida, tinha solicitado que quando morresse não fosse realizado o velório, que naquela época acontecia na residência do falecido ou na capela do Cemitério da Saudade. A família cumpriu seu desejo, realizando-se o seu sepultamento poucas horas após seu falecimento, às 17 horas, com participação de grande número de parentes e amigos.