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CRONICANDO

Pelé sobreviveu em Salto


Quando o Brasil se sagrou tricampeão do Mundo, em 1970, o prefeito Jesuíno Ruy homenageou os jogadores, técnico e massagista da Seleção Brasileira, dando seus nomes a diversas ruas que tinham surgido na cidade. Naquela época podia-se homenagear as pessoas vivas com a denominação de vias, prédios públicos, etc., mas a partir de 1977 isso passou a ser proibido. No total foram 29 ruas (22 de jogadores, técnico, massagista, mais as denominadas Taça Jules Rimet, conquistada pelo Brasil, Copa 70 e as cidades de Guadalajara e do México).

As críticas foram muitas e por isso a Comissão de Nomenclatura teve que mudar a denominação dessas ruas, mas apenas 15 anos depois (1985), deixando apenas 5 delas. Embora fosse proibido dar nomes de pessoas que ainda não tinham falecido, foi aberta uma exceção para Pelé, mantendo o nome dessa via pública, localizada nas proximidades do campo do XV de Novembro. Ele foi o único sobrevivente entre os jogadores e ninguém protestou, pois Pelé é motivo da admiração de todos, mas sem dúvida foi um ato irregular e ilegal que permanece até hoje. Só vai se justificar quando o “Rei” partir, o que se espera que demore muito.

Durante os 15 anos em que prevaleceu a denominação com os nomes dos jogadores, pelo menos 3 deles vieram a Salto para conhecer as ruas que os homenagearam: Roberto Rivelino, que várias vezes esteve em jogos dos Veteranos Saltenses, Dario dos Santos, o “Dadá Maravilha”, que foi trazido pelo empresário Jurandir Bergantin, numa inauguração de sua loja Esportes Bolão, em setembro de 1985 e o massagista Mário Américo. Sobre este último, massagista da Seleção Brasileira, cuja rua passou a se denominar Pio XII, contava-se que ele esteve em Salto e ao ver a placa da rua com seu nome até chorou.

Nesta semana Pelé completou 80 anos de idade e isso nos leva a lembrar que Salto lhe prestou uma homenagem em vida. Infelizmente, ele nunca esteve na cidade para conhecer possivelmente uma das únicas (se não a única) cidade do país que o homenageou antes do adeus definitivo. Pra nós, saltenses, Pelé não precisou morrer para ser homenageado. Ele, que como jogador de futebol sempre foi uma exceção por suas qualidades como craque, também se tornou em relação às leis que regem o país. É ilegal, mas pra Pelé vale tudo.

DESENHO

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