Carlos Alberto Pouza, um grande e talentoso artista que partiu cedo demais
Viveu apenas 34 anos, mas teve uma trajetória intensa nos meios culturais da cidade, principalmente na área teatral, começando aos 24 anos de idade a contribuir para que houvesse um desenvolvimento maior dessa atividade em Salto. Foi quando participou de um movimento que reviveu a vida cultural e artística da cidade, que ficara estagnada nas duas décadas anteriores. Como lembrou seu grande amigo Valderez Antonio Bergamo da Silva, na Câmara Municipal, dias após seu falecimento, a partir de 1984 e nos anos seguintes Carlos Alberto Souza envolveu muita gente, prestando serviços principalmente à matriz de Nossa Senhora do Monte Serrat, montando “Paixões de Cristo” e procissões, enfeitando andores, etc.
Valderez recordou que foi por iniciativa dele que foi criado o Grupo Utopia de teatro amador que empolgou muita gente com a apresentação de uma tragédia grega da qual participaram cerca de 60 pessoas. Naquela época, prossegue Valderez, teve início o trabalho em favor da “salvação” do Teatro Verdi, que acabou sendo adquirido pela Prefeitura, surgindo também a Sociedade Cultural, na qual Pouza dirigia o Departamento de Teatro.
Na mesma sessão em que Carlos Pouza foi homenageado, Valderez, que ocupava uma das cadeiras do Legislativo, ressaltou o talento do amigo, demonstrado na floricultura de sua propriedade e na decoração que ele fazia nas igrejas, principalmente a de Nossa Senhora do Monte Serrat, realizando os festejos em honra à Padroeira. Também atuava em procissões, clubes, festas, em Salto e em cidades vizinhas. “Num grande centro ele teria se projetado”, afirmou, acrescentando que a perda de Carlos Pouza se juntava a outros artistas que a cidade perdeu (Idovar, Maneco Paiva e Agostinho Pereira de Oliveira) e que seria muito sentida.
34 anos de vida – Carlos nasceu em Salto em 9 de fevereiro de 1960. Fez o curso primário (atual fundamental) no Externato (atual Escola) Sagrada Família e o curso secundário no Colégio (atual Escola) Paula Santos. Formou-se em Letras pela Faculdade Nossa Senhora do Patrocínio, em Itu, no ano de 1984, quando iniciou também suas atividades artísticas.
Trabalhou na indústria Tranquilo Giannini dos 16 anos até 1988, quando abriu a Letícia Floricultura, que dirigiu até seu falecimento, em 4 de setembro de 1994.
Peças teatrais – Carlos atuou como ator e diretor de diversas peças. As mais importantes foram a tragédia grega “Édipo Rei” e “O Auto da Barca do Inferno” e duas, uma dirigida ao público infantil, “Alice no País das Maravilhas” e outra ao público adulto: “A Raposa e as Uvas”. Certamente se tivesse vivido mais tempo sua contribuição em favor do teatro saltense teria sido ainda mais significativa, mas essas 4 revelaram seu grande talento artístico.
“Prêmio Carlos Pouza” – A partir de fevereiro de 1995 a cidade homenageou Carlos Pouza, com a realização do Prêmio que levou seu nome, numa iniciativa da Secretaria da Cultura, que tinha como titular Célio de Campos Vendramini. A participação foi aberta a grupos teatrais de todo o Estado, sendo selecionados representantes de 7 cidades, que concorreram nas modalidades Ator, Atriz, Diretor, Texto Original, Sonoplastia, Cenografia, Iluminação, Figurinos. Também seriam selecionados os 3 melhores espetáculos e ainda a escolha pelo júri popular de Melhor Espetáculo. O maior número de prêmios foi conquistado por São Caetano do Sul, mas Campinas, Sorocaba e Santa Bárbara do Oeste também foram premiadas. O Teatro Verdi foi o local das apresentações, com encerramento festivo no dia 18 de fevereiro.
Nos anos seguintes (1996, 1997, 1998, 1999, 2000 e 2001) o Prêmio Carlos Pouza de Teatro continuou sendo realizado, deixando de existir a partir de 2002 por razões não divulgadas. No último, de 2001, participaram 8 cidades além de Salto: Santana de Parnaíba, Limeira, Penápolis, Jundiaí, Indaiatuba, Jaguariúna, Sorocaba e Ribeirão Preto. Foram realizadas 9 apresentações e a cerimônia de encerramento aconteceu no dia 28 de julho. A grande vencedora foi Ribeirão Preto, com 6 prêmios, tendo se destacado também Limeira e Santana do Parnaíba.
Família e homenagens – Carlos era filho de Alice Silvestrin e Odolar Pouza. Era solteiro e tinha uma irmã, Maria Cristina Pouza, que também fez várias apresentações em peças teatrais e outros eventos.
Além das muitas homenagens que recebeu em vida e após o seu falecimento, foi homenageado pela Comissão de Nomenclatura, que sugeriu seu nome para uma das vias públicas de Salto, proposta aprovada pela Câmara e aceita pela Prefeitura da Estância Turística de Salto.
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