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CRONICANDO

O QUE É SER SALTENSE


Todo ano, no aniversário da cidade, a gente escolhe um tema para o Especial e há alguns dias recebi do dr. José Carlos Servilha uma mensagem que lhe foi enviada, dizendo por que tem orgulho de Ser Saltense. Achei que seria um bom assunto para tratar no Especial que circula hoje e eu e o Duarte Rodrigues entrevistamos mais de 20 pessoas, nascidas ou não em Salto, pedindo que elas apresentassem motivos que justificassem ser orgulhosamente saltenses.

Fazendo um resumo das respostas recebidas, vemos que tem muita coisa curiosa, engraçada, inteligente, bem sacadas e que principalmente demonstram que a memória de todos os entrevistados, inclusive os de maior idade, está afiada. Algumas citações predominam ou são em maior número, como vir ao mundo pelas mãos da parteira dona Anastácia; ir à Festa da Padroeira ou Setembrina onde se andava de “tomovinho” e se assustava com a “Monga”; participar da bandinha de bumbos do monsenhor Mário Negro que aos domingos percorria as ruas do centro, chamando as crianças para a missa; estudar no Coleginho das madres, no Paula Santos ou no Tancredo do Amaral; dançar no Clube Ideal, na Cooperativa ou no dos Trabalhadores; brincar no Parque Infantil, que funcionava onde hoje existe o CEC; assistir a filmes nos cines São José, Verdi, Cineminha da Igreja ou Najá; frequentar os quintalões da Brasital; aplaudir os desfiles de 7 de Setembro e um dos seus principais personagens, Idovar Sthal Filho; mandar “correio elegante” para se comunicar com futuro(a) namorado(a); ir às procissões ou à matriz de Monte Serrat; se confessar com o monsenhor João Couto; assistir aos jogos de futebol entre clubes da cidade e de Itu; assistir às peças teatrais com o Ciro Cruchello; comprar em estabelecimentos da cidade, inclusive os antigos, como padarias, bares (do Boni e do Sbrissa foram bem citados), lojas, armazéns, etc.; nadar no Totico, Dona Maria, Canão, Lagoa do Português, Ajudante, etc.

Algumas, menos numerosas, mas curiosas foram: ir ao cemitério toda 2ª feira; ouvir os chinchinistas cantar “a água lava, lava tudo” e os oposicionistas revidarem com “você pensa que cachaça é agua?”; brincar na “Rua do Feijão Queimado” (José Revel); acordar com o apito da Eucatex; saber o significado e a origem da palavra “múfio”; lembrar os limites da cidade: Vinícola Milioni - Ponte Seca – Estação e Bar Último Gole; fazer “foothing” na praça principal; mandar fazer vestido com dona Armelinda e terno com “Pinheiro, o seu alfaiate”; cumprimentar falando “Ó”; dizer “Caipira do Buru, sapato preto, meia azu” ou “Sarto, sarto de sapato, cáxara de forfe, carcanhá rachado”; ser benzido de bronquite pelo Antonio Café; morar no cortiço do Curtume Telesi; comprar pão com caderneta; tomar Tubaína na fábrica da Tia Irene; tremer ao ouvir falar do “Risca Faca” (Parque Bela Vista); conviver com tipos populares, como Urubatão, Ferrinho, Pula-moita, etc.

Predominaram as lembranças de comidas, sendo campeã em citações a pipoca do Xuxa, mas também a do Barbosa; as pizzas do Expedito e do Walter Mazetto (pai); os pastéis do Scalett (servidos por dona Irma e esposo Indalécio); tomar sorvete na Lider, sorvete enroladinho no Bar do Cabaña e o de uvaia no Bar do Piron; comer o delicioso lanche do Sbrissa; tomar “vaca preta” (Coca-Cola com sorvete) no Bar do Boni; se deliciar com o galeto na brasa no restaurante do Jorge e Vitório Martini; tomar água mineral com groselha “Cachoeira” no Bar do Dito; comer bisteca acebolada no Bar da Ponte; comprar balas com figurinha para colecionar; consumir, na atualidade, o lanche do Morumbi, churros do Caju e o algodão-doce do Zé.

Lendo cada uma das manifestações dos entrevistados, a gente volta 20, 30, 40 e até 60 anos na história de Salto, não aquela história que fala de Vieira Tavares, índios, bandeirantes, prefeitos, figuras de destaque, etc. Mas a história de cada um, que pode ser simplória, risível até, mas que marca a existência de quem viveu e vive com uma cidade que em seus 323 anos passou por momentos que suas memórias registraram e hoje são motivo de lembranças de um tempo que não volta mais.

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