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CRONICANDO


Causos em época de eleição


Antes, durante e depois das eleições sempre acontecem casos curiosos ou engraçados, que marcam esse período de grande expectativa e até de nervosismo por parte dos candidatos e dos eleitores em geral. Dentre os fatos curiosos ocorridos em Salto um bastante interessante aconteceu em duas eleições seguidas com um candidato a vereador, Rubens Murilo Ceconello, falecido há alguns meses. O caso, que já relatamos, é conhecido como a história do raio que caiu duas vezes no mesmo lugar, o que é difícil ou quase impossível de ocorrer.

Na eleição de 1982, ele foi candidato e fazia sua propaganda política no Taperá toda semana. Faltando dois dias para o pleito, seu número saiu errado na publicação e alguma coisa precisava ser feita para reparar a falha, pois suas reclamações eram intensas. Mandei imprimir uma grande quantidade de “santinhos”, colocando seu número correto, pra serem distribuídos por ele no dia do pleito, mas de nada adiantou: não foi eleito. Na eleição seguinte (1988) um erro na publicação do número de candidato na propaganda política voltou a ocorrer e novamente, por incrível que pareça... com o mesmo Ceconello! Como da vez anterior não foi intencional, mas me deixou sem saber o que dizer e ele mais uma vez reclamou (com razão) e ainda mais veementemente. Mandei imprimir um número ainda maior de “santinhos”, novamente que ele distribuiu no dia da eleição, mas também desta feita não se elegeu e colocou a culpa no jornal.

No Cartório Eleitoral, por sua vez, aconteceram alguns casos risíveis, como naquela ocasião em que um eleitor foi reclamar que não pôde votar. Eu era o responsável pelo Cartório Eleitoral, o atendi e fui verificar sua folha de votação. Constava que ele tinha morrido alguns meses antes, mas se tratava de um homônimo, cujo nome da mãe era o mesmo da mãe do eleitor. Levei-o até o local de votação e pedi ao mesário que permitisse que ele votasse em separado (a cédula foi colocada num envelope, para ser aberta na hora da apuração, quando o juiz autorizaria ou não a validade do voto). O homem não se conformava: “Como podem dizer que eu morri se estou aqui bem vivo?” Tive que concordar com ele. Na edição do Taperá da semana seguinte saiu a manchete: “Eleitor que morreu votou”.

Numa outra ocasião, também no Cartório Eleitoral, um eleitor foi reclamar, dizendo que seu título tinha sido cancelado por duplicidade (havia um outro eleitor com os mesmos nomes dele e de sua mãe, por isso o seu título foi cancelado). A chefe do cartório, minha esposa Zuleima, perguntou-lhe, então, se ele era gêmeo, ou seja, se tinha um irmão nascido no mesmo dia e com o mesmo nome da mãe, o que justificaria o cancelamento. Sua resposta, achando que ela tinha perguntado seu signo: “Não sou gêmeo, sou de sagitário”.

E também no cartório, certa feita a Zuleima atendia um eleitor que não pôde votar porque seu nome não constava da lista. Ele argumentava estava preso na eleição anterior e que não havia motivo para ser impedido dessa vez. Enquanto ele contava sua história, um funcionário do cartório (Reinaldo), sobre uma escada, procurava afixar uma folha de papel na parede e exatamente no momento em que o leitor apresentava seus argumentos, ele disse para a chefe do cartório: “Essa não cola”, se referindo à folha. O eleitor ficou uma fera, achando que o funcionário estava duvidando de suas palavras: “Como não cola, estou dizendo a verdade. Está pensando que sou mentiroso?”.

Foi difícil ele aceitar que o funcionário do cartório não estava se referindo aos argumentos que ele estava apresentando, mas sim à qualidade da cola na afixação da folha de papel na parede...

DESENHO

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