CRONICANDO
Desejos para o Ano Novo
Nestes últimos dias de 2021, véspera de mais um Ano Novo, as pessoas costumam formular desejos para os familiares e para os que lhes são caros. Os mais comuns são “muito dinheiro no bolso”, “saúde pra dar e vender”, como diz aquela música que perturba nossos ouvidos nesta época. Mesmo em tempo de pandemia, alguns desejos se transformam em realidade, muitos não acontecem, mas daqui a um ano as pessoas vão repetir quase todos os deste ano, imaginando que as coisas podem mudar.
Por falar em desejos, uma olhada no retrovisor do tempo nos mostra que pessoas queridas que partiram, almejaram vê-los acontecer, mas não viveram o suficiente para que se satisfizessem com a sua consumação. Lembro-me, por exemplo, do professor João Batista Dalla Vecchia, mestre da banda Gomes-Vérdi e multi-professor da Escola Anita Garibaldi, onde ministrava aulas de português, matemática, história, geografia, caligrafia e educação física. Quando aluno, presenciei em várias ocasiões suas divagações, nas quais demonstrava o desejo de viver o suficiente para ver coisas que só aconteciam em filmes e em seriados como “Flash Gordon”, que mostravam progressos na ciência e tecnologia, como comunicação através de som e imagem entre as pessoas, foguetes que serviam para o deslocamento rápido e outras maravilhas que o tempo demonstrou possível de se tornarem realidade.
Na minha área familiar, lembro-me que meu pai falava da Itália, país que ele gostaria de conhecer, principalmente aquela cidadezinha onde seu pai viveu a juventude e de onde partiu, depois de casado, para chegar ao Brasil nos primeiros dias do século XX e aqui criar seus filhos. Pesquisei e descobri a cidadezinha da qual ele falava, Anguillara Veneta, que fui conhecer no final da década de 1990. Meu pai também dizia que, antes de casar, seu pai estudara para padre num seminário ao lado da igreja de Padova, que também visitei e mandei rezar uma missa em ação de graças em memória dos dois.
São dois exemplos apenas, que me vieram à lembrança neste final de ano, mas cada um deve ter seus casos para contar de desejos realizados ou não. Este é o momento para lembrar deles e acrescentar nossos próprios desejos para os próximos 365 dias de 2022. Não sejamos egoístas, vamos pedir não só para nós, mas também para aqueles que precisam viver sem ter que enfrentar a fome, a falta de trabalho e as condições mínimas de sobrevivência. São muitos em nosso país e estão em todos os lugares, pedindo uma ajuda que na maioria das vezes não chega. O pior é que enquanto milhões passam por essas dificuldades, uma casta odiosa, a dos políticos ocupantes de cargos eletivos, se refastela com bilhões de reais para custear suas eleições, para seu orçamento secreto e emendas que seriam para beneficiar o povo, mas que acabam desviadas para seus próprios bolsos.
Diante disso tudo, só nos cabe incluir em nossos desejos para 2022 o de que a Justiça Divina puna exemplarmente os que se aproveitam da situação, pois da Justiça terrestre não se pode esperar mais nada.
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