CRONICANDO
Culpa do “spam”
“Spam” é um termo inglês, que se incorporou à linguagem da internet. É associado a tudo que é enviado em excesso contra a vontade dos usuários dessa rede mundial. Quando percebe que se trata de uma mensagem inoportuna, o próprio computador ou o celular a encaminha para o lixo eletrônico, mas às vezes essa decisão não é a desejada por quem deveria receber e, na dúvida, a gente sempre dá uma olhadinha no tal lixo pra ver se não tem alguma mensagem que estamos aguardando e que demora a chegar.
Fui pesquisar a origem da palavra “spam” e constatei que ela surgiu quando foi lançada uma marca americana de presunto enlatado chamada “Spam”, da empresa Hermel Foods. Em 1970, um grupo de humoristas ingleses, chamado Monty Python, tinha um programa de TV, o “Monty Python’s Flying Circus”, no qual produziram uma esquete que ficou famosa. Nela, duas pessoas entram em um café em que quase todos os pratos do menu levam “Spam”, sendo praticamente impossível se servir sem o presunto, mesmo que pedissem para retirar o ingrediente. Por isso o termo “spam” ficou associado a tudo o que é enviado em excesso contra a vontade dos usuários da internet.
Essa é uma das facetas do “spam”, ou seja, recolher mensagens que não são do interesse ou não foram solicitadas. Mas tem uma outra: o “spam” serve para justificar à pessoa que enviou uma informação aguardada e que o destinatário nunca recebe. Ocorre quando alguém pessoa cobra um parente ou amigo, dizendo que não foi avisado de uma festa, do depósito de uma determinada quantia que estava aguardando, da informação sobre dia e horário para um compromisso, etc.
Dou como exemplo o que aconteceu comigo e com minha esposa: fizemos o cadastro para receber a vacina contra a Covid no mesmo dia e no mesmo horário. Ela foi avisada para comparecer a fim de ser vacinada, eu não. Reclamei e justificaram: “mandamos um e-mail pra você. Deve ter caído na caixa do ‘spam’”. Fui ver e não estava lá, isto é, foi uma desculpa esfarrapada. Aconteceu depois com minha esposa: na semana passada ela foi avisada por telefone que deveria comparecer ao local da vacinação para receber a vacina. Quando chegou a moça perguntou: “Por que você não veio às 8 da manhã?”. Ela respondeu que não havia recebido o e-mail, mas a justificativa foi a mesma: “deve ter caído na caixa do ‘spam’”. Fui verificar e não caiu coisa nenhuma. Mais uma vez o “spam” foi utilizado para justificar o não envio ou a mudança de destino de um aviso tão importante como é o da vacinação. Isso acontece sempre que a pessoa que deveria comunicar não o fez, ou fez de forma errada.
Talvez esses e-mails fossem do “spam” de presunto, que eles comeram ao invés de enviá-los.
Comments