OPINIÃO
As abaladas relações entre o Legislativo e o Executivo
Desde o início da atual administração de Laerte Sonsin Jr. e da gestão dos 11 vereadores eleitos em 2020, os membros do Legislativo não têm demonstrado a subserviência que se verificava na maioria das gestões anteriores. Praticamente todos os 11 apresentaram uma independência que não era comum, pois os ex-prefeitos sempre contavam com o voto certo de vereadores que com eles tinham sido eleitos e que se achavam na obrigação de aprovar todas as proposituras apresentadas pelo Executivo, com raras exceções. A partir de 2021 tudo mudou e o que se tem notado não são apenas as demonstrações de independência, mas de ações mais comuns àquele que militam na exposição, inclusive sendo adotada pelos que se elegeram na chapa Laerte-Edemilson. Prova disso são os vários projetos rejeitados e os 7 ou 8 vetos do prefeito que não foram acatados pela maioria da Câmara, ocorrendo inclusive votações que tiveram unanimidade de votos contrários, dentre eles um ou dois com a participação do próprio líder do governo, Gideon Tavares.
Além desse posicionamento por parte do Legislativo, nos últimos tempos as relações entre os dois poderes têm se agravado, com alguns vereadores influentes chegando a fazer críticas acerbas ao prefeito Laerte. É o caso, por exemplo, do presidente da Câmara, Cícero Granjeiro Landim, que tem se manifestado não só contra secretários municipais, mas contra o próprio prefeito Laerte. Na última sessão, realizada terça-feira, ele atingiu o ápice ao sugerir ao chefe do Executivo: “pede pra sair”, três palavrinhas que demonstram que ele não aceita as atitudes tomadas pelo prefeito ou a falta delas.
Da parte de Laerte não tem havido manifestações públicas contrárias ao Legislativo ou a alguns dos seus membros. Ele costuma dizer que aceita as críticas, não se rebela com as votações contrárias, como seria normal e nem adota medidas de repúdio. Como se sabe, Laerte é uma pessoa de fino trato, tanto pessoalmente como político, agindo sempre de uma forma como cidadão respeitoso que não merece questionamentos. Reconheça-se que às vezes falha em sua atividade como chefe do Executivo, deixando de tomar algumas medidas reclamadas por vereadores ou pela imprensa, mas nunca se nega de dar as devidas explicações. Reclama-se dele, por exemplo, maior celeridade na solução de diversos problemas que o município enfrenta, mas de maneira geral ele procura manter uma atitude respeitosa.
O prefeito é cobrado por não exigir mais dos seus secretários e de apoiá-los em vez de puni-los, inclusive com a perda do cargo. Mas Laerte não tem esse perfil de estar trocando seus auxiliares diretos a cada crítica que eles recebem. Inclusive entendemos que de nada vão adiantar os pedidos para que ele demita o secretário da Saúde, Márcio Conrado, o secretário de Esportes, Valdir Líbero e o secretário de Desenvolvimento Econômico e de Turismo, Wanderley Rigolin. Ele já expressou seu apoio a cada um deles e deve entender que não conseguiria substitutos à altura para os cargos que eles ocupam.
Para Salto é bom que os poderes se entendam. Essas relações adversas manifestadas nos últimos tempos precisam ser amainadas, pelo menos, pois tanto o Executivo como o Legislativo tem seus parâmetros, seus limites e não se pode exigir que opiniões extremadas tenham que ser aceitas. O Legislativo, que é aquele que “partiu pra briga”, precisa ser mais comedido, enquanto o prefeito deve procurar manter um diálogo mais estreito com os vereadores, coisa que ele não tem exercido em sua plenitude, sendo acusado, com razão, de falta de comunicação e de um diálogo mais estreito.
É conversando que se entende, diz um velho ditado, então vamos conversar...
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