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OPINIÃO

A triste e emocionante “novela” do Hospital


A população saltense está assistindo nos últimos tempos a uma “novela” triste e às vezes emocionante, que tem como personagem principal o Hospital Monte Serrat. Ao vivo e em cores, os capítulos são apresentados a cada semana, alguns deles já esperados, outros surpreendentes, mas o pior de tudo é que, ao contrário das muitas novelas da televisão, não se vislumbra um final feliz. Aliás, felicidade é o que não se vê em seu desenrolar, principalmente nos últimos meses. Ela apresenta em cores fortes o sofrimento dos funcionários e médicos da casa de saúde, alguns dos quais vão às lágrimas, pois replays de capítulos anteriores acontecem e as consequências da atuação pífia de alguns personagens fazem com que eles passem por situações difíceis. Predominam os vilões, aqueles que têm interesse para que as coisas não deem certo, os que querem tirar proveito da situação, os que entram nas “jogadas” para atrapalhar e também os que não têm nenhuma capacidade para fazer com que as coisas decorram dentro da do que se espera.

Tem se destacado nos últimos tempos o personagem T.C.E., aquele que considera que está tudo errado e não deixa as medidas tomadas pelas autoridades locais terem o desfecho que todos esperam, ou seja, para que os capítulos tenham a sequência programada e se chegue à hora da decisão. Para que ninguém fique imaginando quem é esse tal de T.C.E., é bom que o identifiquemos, para que outros não sejam acusados indevidamente: é o Tribunal de Contas do Estado, que mostra o que está errado nos editais, mas no momento decisivo atende interesses de um ou outro, que se sentem prejudicados antes do apito inicial. Foi o que aconteceu nesta semana, quando o Tribunal impediu que tivesse seguimento o processo licitatório. Detalhes, na chamada das empresas interessadas, levou o TCE a tomar uma atitude que originou na paralisação da licitação, não se sabendo até agora se e quando ela irá acontecer.

Não se exima de culpa a Prefeitura de Salto, que demorou muito para chegar à confecção do edital, o qual, pelo menos até agora não sofreu questionamentos. Ela deve ser responsabilizada também por algumas decisões inexplicáveis, como a contratação emergencial de uma empresa que fixou o pagamento em 4 milhões e 900 mil reais, embora se saiba que um estudo encomendado pelo próprio município demonstre que o valor ideal seria de 6 milhões e 300 mil reais. Como resultado disso, estão sendo demitidos funcionários, outros estão pedindo demissão, segundo o que garantiram os vereadores na sessão da Câmara da última terça-feira. Não poderia ser diferente e está acontecendo: o atendimento dos munícipes, que já era ruim, piorou ainda mais.

Um personagem dessa “novela” do gênero hospitalar, o prefeito Laerte Sonsin Jr., bem que gostaria de fazer um papel menos importante do que aquele que lhe foi destinado. Cabe a ele resolver a questão, mas o enredo está tão intrincado, que deve estar tirando seu sono há vários meses. Reconheça-se que não é tarefa fácil a solução. Na base de tudo está a situação do cenário da “novela”, bastante desgastado pelo tempo; a seguir as atitudes dos gestores que mais pioraram do que melhoraram a situação, passando pelas exigências descabidas das leis existentes que não permitem que se adote medidas saneadoras de imediato, porque elas sempre vão ter que ser obedecidas, por mais prejudicial que sejam aos interesses legítimos da administração. E, finalmente, os entraves colocados pelas empresas ou seus representantes, que querem ser escolhidos mesmo que não tenham méritos para isso. No lugar do Laerte poucos (ou ninguém) fariam melhor, em virtude desses entraves.

As novelas da Globo, Record e SBT são muito menos complexas que essa “novela hospitalar”. Elas têm final, na maioria das vezes feliz, enquanto aquela a que assistimos tete a tete mostra: nós de um lado, sequiosos por uma solução, e todos os demais personagens do outro, com interpretações ruins que garantem uma audiência cada vez menos qualificada, pois o enredo não muda.

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