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OPINIÃO

O triste fim da Nardelli


É sempre triste a notícia do encerramento das atividades ou a venda de uma empresa com muitos anos de bons serviços prestados. Nesta época pós-pandemia essa notícia tem sido recorrente e, como não poderia deixar de ser, Salto também lamenta que estabelecimentos tradicionais fechem suas portas ou passem para outras mãos, às vezes para empresários de outras cidades. Este último caso aconteceu nesta semana com a Auto Ônibus Nardelli, uma empresa que durante 54 anos foi motivo de orgulho para os saltenses, pois transportou a população, criou centenas de empregos, promoveu ou patrocinou muitas campanhas, enfim realizou uma trajetória cujo fim se lamenta profundamente. Como responsável pelo transporte urbano, também foi alvo de reclamações durante sua existência, o que é perfeitamente normal, pois chegou a transportar 400 mil pessoas por mês e nenhuma empresa atende tanta gente sem apresentar alguns descontentamentos.

Era uma empresa familiar, que começou com Walter Nardelli, pai do atual diretor Rodolfo, e com as irmãs Ophelia e Florinda, estas agregando a família Roque através dos filhos Braz e José e netos que também fizeram parte da direção. Começou sem maiores pretensões, apenas com um ônibus e chegou a ser uma potência na Região e no Estado, com dezenas de coletivos. Recolheu milhões em impostos e taxas nesses 58 anos, mas nunca teve o devido reconhecimento por parte do Poder Público, pois tudo o que conseguiu foi através de vitórias nas licitações realizadas.

Aliás, em seu pronunciamento na reunião em que foi comunicada a venda ao prefeito Laerte Sonsin Jr., Rodolfo teve a oportunidade de desabafar, dizendo que nunca recebeu o devido apoio do Poder Público. Apenas deu, mas jamais recebeu a devida retribuição. Nos reajustes da tarifa, sempre redominou o interesse político, sendo ignorado o interesse da empresa, faltando o que outras cidades reconheceram como necessário para que os usuários não fossem prejudicados: o subsídio. Nem mesmo o direito da empresa em receber por serviços adicionados, como a extensão das linhas até os novos bairros ou loteamentos foi reconhecido, cabendo à empresa os gastos com a contratação ou pagamento de horas extras aos funcionários, com os desgastes dos ônibus, com combustíveis, etc. Na anterior administração municipal esse direito foi reconhecido, mas nesta, quando o pagamento reivindicado passaria a ser feito, o acordo foi ignorado e a empresa teve que recorrer à Justiça, aguardando até hoje a decisão.

Não se pode prever como a nova empresa vai se portar, se será melhor ou pior que a Nardelli. Uma coisa é certa: Salto perdeu uma empresa exemplar, da qual todos nós nos orgulhávamos e torcíamos para que ela fosse mantida. É um momento triste da vida empresarial saltense, esperando-se que o tempo cicatrize a profunda ferida que se abriu em todos nós.

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