OPINIÃO
Dois assuntos repercutem na Câmara
A Câmara de Salto discutiu na última terça-feira dois assuntos importantes e que atraíram um número de assistentes bastante superior ao que vem sendo registrado semanalmente nas sessões do Legislativo. Um deles foi sobre a situação dos catadores de recicláveis e o outro sobre uma propositura conhecida como “projeto do som”. Ambos envolvem providências do Executivo para organizar, estabelecer normas e até punir os que executam os serviços. No caso dos catadores, oi a respeito da coleta que é feita em vários locais, principalmente nos contêineres colocados em toda a cidade pela CSO Ambiental. No que se refere ao som, a execução de músicas em seus estabelecimentos (bares, restaurantes, lanchonetes, barzinhos, etc.) está em discussão.
O assunto envolvendo os catadores foi abordado na Câmara há algumas sessões, quando os vereadores Benedito Macaia e Antonio Cordeiro fizeram críticas ao prefeito e à Secretaria do Meio Ambiente por tomar algumas atitudes consideradas drásticas contra aqueles que retiram dos contêineres os materiais que são vendidos para ferros-velhos, proporcionando-lhes uma renda mensal. Como a Secretaria do Meio Ambiente apertou o cerco contra os coletores, ameaçando-os até mesmo com multas, a reação desses dois e dos demais vereadores se tornou mais intensa, o que fez com que os catadores fossem até a Câmara para reivindicar um tratamento melhor.
A intenção de organizar a coleta do material reciclável é justificável, pois está havendo prejuízos a uma cooperativa, a Corbes, cujos integrantes também sobrevivem com a venda desse material e nos últimos tempos chegaram a reduzir os dias de trabalho por falta do que selecionar, pois quase tudo que é colocado nos contêineres é retirado pelos catadores. No entanto, parece que está havendo falta de tato no que se refere à indelicadeza com que eles são tratados pela secretaria. São pessoas simples, sem muito estudo, que nem sempre entendem as atitudes que são tomadas, achando que existe o desejo de impedi-los de trabalhar, obtendo os recursos necessários para sua subsistência.
Quanto aos proprietários de estabelecimentos que incomodam os vizinhos com o barulho, que às vezes se prolonga pela madrugada, eles também se propõem a defender o que consideram seus direitos e estavam (ou estão) achando que algumas medidas constantes de projeto apresentado pelo Executivo irá prejudicá-los. É que ele fazia exigências consideradas exageradas, além de estabelecer multas consideráveis. Os vereadores tentaram reduzir o efeito dessas medidas, mas acabaram chegando à conclusão que o melhor é não aprová-las, reunir as partes e procurar obter uma decisão que não as desagrade, o que não é uma tarefa tranquila. Eles pretendem continuar com suas aparelhagens e caixas de som e não se inventou ainda uma forma de impedir que esse som se expanda por uma área considerável, atingindo residências próximas. Não vai ser fácil encontrar uma saída que agrade a gregos e troianos, talvez por isso o Executivo se posicionou em defesa dos que sofrem com o som alto, que devem ser em maior número.
Há necessidade de se encontrar uma solução para os dois casos. O dos catadores parece mais fácil: basta que eles se sentem à mesa com o prefeito, vereadores, integrantes da Corbes e a própria CSO para se chegar a um denominador comum. Quanto ao caso do som, o acerto é mais difícil, mas o caminho natural deve ser também o do diálogo, com ambos os lados cedendo para facilitar as coisas.
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