OPINIÕES
Hospital: situação caótica à vista
Tudo começou na administração do prefeito Joseano Costa Pinto (1964-1968), quando houve a desapropriação do Hospital e Maternidade N. Sra. do Monte Serrat, que até o mês de março de 1967 era dirigido pela Associação de Proteção à Maternidade e Infância. Na imissão de posse da casa de saúde, a Prefeitura justificou a medida junto à Justiça local, dizendo, dentre outras coisas, que “desde longo tempo vem a administração municipal recebendo de parte de elementos idôneos e responsáveis, reclamações concernentes a abusos e irregularidades que vêm acontecendo no Hospital e que afetam a moralidade pública e os princípios éticos do respeito à pessoa humana”. A Associação era subvencionada pela municipalidade e esta alegava que o responsável por ela, o ex-prefeito Vicente Scivittaro, a dirigia como se fosse de sua propriedade, inclusive sem a devida prestação de contas. A partir de 1967 até hoje, há mais de 50 anos, portanto, o município mantém o Hospital com seus próprios recursos, gastando em torno de 3 milhões de reais por mês, dinheiro que poderia ser investido em outros setores se o nosocômio (com o perdão da palavra) continuasse nas mãos da iniciativa particular ou subsidiado pelo Governo do Estado, como acontece com a Santa Casa de Itu.
Depois de um retorno histórico ao passado, a oportunidade é para falar o que o Hospital nos oferece no presente e o que pode nos proporcionar no futuro. Nesses 53 anos em algumas oportunidades o próprio município dirigiu a casa de saúde com pessoas da cidade e também entregou a administração a empresas que nos proporcionaram bons e maus momentos. Mesmo quando o trabalho é bem executado a gestora não é imune às críticas e isso aconteceu com a São Camilo e se repete agora com a IBDAH, que realiza um bom trabalho, mas está cogitando romper o contrato firmado com a Prefeitura. Esse contrato foi prorrogado por 4 meses, num acordo entre o ex-prefeito Geraldo Garcia e o atual Laerte Sonsin Jr., pois se isso não ocorresse, a partir da primeira semana de janeiro seria estabelecido o caos no atendimento à saúde dos saltenses. O Instituto receberá cerca de 20 milhões de reais, 12 milhões de responsabilidade do município e 8 milhões do Governo do Estado pelo funcionamento e manutenção do AME (Ambulatório Médico de Especialidades).
O ex-prefeito Geraldo Garcia considera a renovação do contrato por mais um ano, pelo menos, como medida necessária para evitar grandes problemas na área da Saúde saltense. Lembrou que levou quase um ano para apontar o IBDHA como vencedor da licitação que teve a participação de 19 empresas, algumas delas questionando o resultado do pleito, por isso entende que a renovação vai ser necessária para evitar uma situação caótica no atendimento dos pacientes, como consultas, realização de exames, cirurgias, etc., que já atrasam. Já imaginaram se tudo isso parar? Será que a Prefeitura continuará mantendo o Hospital com seus próprios recursos se neste ano não poderá sequer contratar pessoal como médicos, funcionários e outros, em virtude da proibição causada pela pandemia? Goste ou não goste do trabalho do Instituto que dirige nosso hospital atualmente, Laerte vai ter que optar pela continuidade do atual gestor (o que nos parece uma boa alternativa), até que tenha condições de contratar um substituto ou de se adequar para assumir as funções hospitalares. Parece, no entanto, pelas últimas declarações do prefeito, que essa prorrogação por um ano não deve acontecer. O futuro dirá se essa decisão vai ser benéfica ou prejudicial à população.
CÁ ENTRE NÓS
Buscando alternativas
Como foram extintos mais de 100 cargos comissionados, alguns de grande importância para a administração, o atual governo municipal está tendo que buscar alternativas e pôr em prática soluções originais para poder fazer funcionar diversos setores do município. O prefeito Laerte ficou, por exemplo, sem assessoria de imprensa para divulgar as medidas da administração, pois as 4 que realizavam a função não eram concursadas. Está tendo que contar com pelo menos uma jornalista para realizar o trabalho, lotando-a num outro setor para prestar serviços como assessora de imprensa. Outros cargos importantes na administração estão sendo lotados por pessoas que o prefeito julga imprescindíveis, pois além de não poder nomear comissionados, também não poderá realizar concursos públicos até 31 de dezembro deste ano. Inclusive o advogado Flávio Garcia, suspeito de ser o autor do maior número de ligações telefônicas utilizando o perfil falso de uma madre (Izildinha), conforme informação da Vivo, foi nomeado por Laerte para ocupar a chefia de gabinete do secretário do Meio Ambiente, o que não repercutiu bem nas redes sociais, principalmente porque um tradicional estabelecimento de ensino da cidade foi vítima principal das postagens. Geraldo foi o alvo principal das críticas feitas na internet, mas talvez não seja por isso que o advogado mereceu a escolha, pois independente de sua atitude ele pode ser uma pessoa capacitada para o cargo. Fica, porém, a dúvida, que a oposição a Laerte está aproveitando para questionar.
Assim como aconteceu com Geraldo, alvo de um grande número de fake news, com essa medida Laerte também dá motivos para que a oposição aja com as mesmas armas.
Situação do comércio
A obrigação de um órgão de imprensa, seja ele de qualquer uma das áreas desempenhadas pelos jornalistas (jornal impresso, rádio, TV, noticiários da internet, etc.) é divulgar as notícias, sejam elas boas ou ruins. Costuma-se dizer que o que vende jornal e proporciona audiência são as notícias ruins, mas tenham a certeza que o jornalista consciente se sente muito melhor quando divulga uma notícia boa, como a redução de casos e das mortes pela Covid-19, a aplicação das vacinas, etc. Nesta semana o site do Taperá divulgou a notícia de que apesar de Salto estar na fase Vermelha, que determina o fechamento do comércio, muitos estabelecimentos estavam abertos, o que continua acontecendo. Com isso alguns que não veem a imprensa com bons olhos se aproveitaram para criticar, além do governador e do prefeito, também o Taperá, dizendo que este jornal agiu contra o comércio, o que é um verdadeiro absurdo. Nestes nossos 53 anos de vida, tivemos sempre o apoio do nosso comércio, que sempre nos prestigiou e não seríamos nós que faríamos alguma coisa contra ele. Pelo contrário, estamos ao lado dos comerciantes, principalmente daqueles que precisam sobreviver nesta fase difícil pela qual passamos, mas não podemos deixar de registrar o que ocorre na cidade, sob pena de não retratarmos com fidelidade o que acontece por aqui. Se agíssemos assim, perderíamos a credibilidade que conquistamos nesses nossos mais de 56 anos de existência.
Situação difícil
Infelizmente os governantes estaduais e municipais são obrigados a tomar algumas atitudes que não são aceitas por parte do comércio, prestadores de serviços e outros profissionais que respondem pelos estabelecimentos essenciais. Do Governo Federal não se pode esperar nada, pois a irresponsabilidade do senhor Jair Bolsonaro está na cara: ele não usa máscaras, além de incentivar a aglomeração que pode disseminar o vírus. Essas atitudes não são aceitas por muitos, que em seu desespero não admitem ter que fechar seus estabelecimentos enquanto supermercados lotados continuam abertos. Sobram-lhes razões, mas alguns acabam sendo punidos, aumentando ainda mais o prejuízo. Não temos procuração para defender os governadores e os prefeitos, mas se eles não agirem numa situação como esta pela qual passamos, estarão contribuindo para o aumento do número de óbitos e pelo sofrimento daqueles que contraem a doença e tem que ser medicados e entubados nos hospitais do país. Além disso, poderão ser acusados de improbidade administrativa, passível até da perda do mandato.
BOCA-DE-SIRI
Loucos por laranja
2020 foi um ano azarado para os pequenos comerciantes, que são a maioria: desde fevereiro e março estão no vermelho nos bancos, pois as vendas desabaram. As coisas começaram a melhorar no final do ano e chegaram até a amarelar, mas acabaram voltando para a situação antiga, ou seja, à Vermelha. O jeito é torcer para que o governador Doria resolva deixar aberto seu laranjal e distribua a fruta para as cidades da região de Sorocaba, que já não aguentavam mais o gosto azedo de limão que a cor vermelha proporciona.
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