OPINIÕES
Prefeitura tem condições de assumir o Hospital?
Foi levantada na sessão da Câmara da última terça-feira a hipótese da Prefeitura assumir a gestão do Hospital Monte Serrat, ideia defendida por vereadores da situação e da oposição. Isso ocorreria imediatamente, através de uma intervenção do Poder Público na casa de saúde, que não está merecendo do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Administração Hospitalar (IBDAH) o tratamento que por contrato e pela própria obrigação de cumprir sua função médico-hospitalar deveria receber. É uma ideia arriscada a municipalidade passar a gestora do Hospital, fato que já ocorreu por diversas vezes no passado, sem que se obtivesse os resultados que se esperava. Começou com a intervenção de 1967, realizada pelo então prefeito, Joseano Costa Pinto, que nomeou o médico-chefe do Centro de Saúde, dr. José Mascarenhas de Oliveira, como interventor. A partir dessa data o Hospital passou a ser gerido pela Prefeitura, sendo nomeados médicos, pessoas ligadas à área da Saúde ou não, o que aconteceu durante nada menos que 35 anos, até setembro de 2002, quando pela primeira vez o Hospital foi privatizado: no governo Pilzio Nunciatto Di Lelli, que entregou a gestão para a SPDM – Sociedade Paulista de Desenvolvimento da Medicina, ligada à Escola Paulista de Medicina.
Durante esses 35 anos nossa principal casa de saúde viveu bons e maus momentos (estes últimos em maior número), com muitas críticas aos escolhidos como administradores, algumas delas pessoas que se dedicaram e que merecem ser lembrados, podendo-se citar Mário Vicente, João M. Bombana, Tarciso Rodrigues, Rubens Camargo, Nelson Mosca, Onofre de Ângelo, Jesuíno Garcia Salva, dentre outros. E médicos como o dr. Adriano Randi, que um dia (1973) deu uma entrevista ao Taperá, dizendo que como administrador do Hospital foi até chamado de “mentiroso e caloteiro”. O Hospital passou por fases muito difíceis, financeiramente e na prestação de serviços, sendo inúmeras as Comissões Especiais de Inquérito formadas na Câmara para investigar o que ele fez ou deixou de fazer.
Nesse período também foi cogitada sua transformação em Santa Casa, no final da década de 1980; que fosse feita uma gestão compartilhada; sua entrega para grupos de médicos; sua regionalização; houve uma negociação para a Unicamp assumir; aventada a transformação em fundação; arrendamento; transformação em autarquia e até mesmo foi proposto seu fechamento em maio de 1973. Portanto, será um risco muito grande se for decidido que a Prefeitura é quem passará a gerir nosso Hospital, pois os exemplos passados demonstram que essa solução não atendeu aos interesses do governo e principalmente da população, que sempre reclamou muito.
Isso não quer dizer que uma nova licitação para a entrega do próprio municipal a uma empresa especializada seja a solução mais adequada, pois essa também já se mostrou inoportuna, principalmente quando assumiram grupos médicos que não cumpriram suas mínimas obrigações, como agora está acontecendo com a IBDHA. A cada dia os problemas aumentam, apesar da Prefeitura estar cumprindo sua parte, efetuando os pagamentos estabelecidos em contrato. Porém, uma atitude drástica deve mesmo ser tomada, como defendem os vereadores, mas para isso é necessário contar com uma retaguarda que não se resuma apenas ao aproveitamento de médicos ou alguns cidadãos com alguma experiência na área médica. Como a licitação vai demorar, será necessária uma contratação emergencial de alguma escola ou grupo que já deu mostras de sua competência, disponibilidade e condições de assumir. Onde encontrar? Eis a questão.
CÁ ENTRE NÓS
“Pegando no pé”
Não só é recomendável, mas também obrigação dos vereadores “pegarem no pé”, usando uma expressão popular, no sentido de cobrar dos governantes, incluindo os membros do Legislativo, na análise de ações por eles desenvolvidas ou não, em seus mandatos. Isso foi feito à exaustão na legislatura anterior pelos 5 opositores à administração do prefeito Geraldo Garcia e está sendo ensaiada agora não só por integrantes da oposição, mas também da situação. Um dos mais ativos nesse aspecto é Daniel Bertani, um vereador que já deu mostras de sua capacidade de cobrança, fruto também de sua juventude e do desejo de ver tudo funcionando direitinho. Até agora, no entanto, essas cobranças têm como alvo um só secretário, Wanderley Rigolin, do Desenvolvimento Econômico e do Turismo. Bertani o criticou por gastar 17 mil reais por mudar as placas colocadas nas entradas da cidade, por pretender demolir a torre do teleférico da Brasital e nesta semana por gastar 139 mil reais com os estacionamentos dos parques das Lavras e da Rocha Moutonnée.
A defesa
Inquirido, o prefeito justificou a troca de placas, alegando que isso precisava ser feito, pois elas não eram esclarecedoras e que a torre ameaça desabar, sendo necessário tomar as devidas providências. Entendemos que as duas primeiras cobranças do vereador são exageradas, pois os valores envolvidos são irrisórios e as medidas adotadas não representam nenhum abuso, podendo ser discutidas, mas não condenadas a priori. Quanto à terceira crítica, referente aos gastos com estacionamentos, o secretário esclareceu que não tem nada a ver com as obras, que foram realizadas e empenhadas na administração passada. Ou seja: a crítica é completamente infundada. Compreende-se o arroubo do vereador em procurar mostrar serviço, mas o episódio deve servir para que, no futuro, ele cheque a notícia que recebeu ou visualizou, antes de expor fatos publicamente.
“Bonecões”
Foi infeliz o vereador Vinícius Saudino ao criticar um outro secretário, Oséas Singh Júnior, por mandar reformar os “Bonecões da Barra” e colocá-los em vários pontos da cidade, no centro. Teriam sido gastos 14 mil reais, um valor também irrisório tendo em vista a importância e a necessidade do trabalho. Alguns dos “bonecões”, confeccionados há anos, estavam mesmo necessitando de reforma e a exposição dos “bonecões” nos dias de carnaval foi uma ideia bastante oportuna, inclusive elogiada pelos próprios vereadores da oposição na Câmara. Com essa medida, Salto foi divulgada na mídia, inclusive na TV Tem, da Globo, em seus jornais, sem nenhum custo, ao contrário dos milhares de reais gastos por Geraldo Garcia no final do ano passado, os quais, registre-se, não tiveram a contrapartida da emissora, que não deu, por exemplo, o devido destaque à entrada em funcionamento do Trem Republicano e a outros fatos que têm sido ignorados por ela, apesar de merecerem a divulgação quando acontecem em outros municípios.
Novo alerta
O número de saltenses atacados pela surdez cresceu absurdamente durante a pandemia. São aqueles que felizmente ouvem muito bem, mas parecem ficar surdos quando são feitos alertas para utilizarem máscaras e evitarem aglomerações. Muitos não estão “nem aí” para o absurdo crescimento do número de mortes (algumas até não contabilizadas) e dos casos. Na semana passada tínhamos 1.247 pessoas aguardando o resultado dos demorados exames, o que quer dizer que o aumento deve ser significativo. Será que vão cair na real apenas quando forem atacados pelo vírus?
BOCA-DE-SIRI
Serenata suspensa
As serenatas já não são tão comuns como antigamente, mas vez ou outra ainda aparece algum apaixonado que vai demonstrar sua paixão pela mulher amada, tocando ou levando alguém para tocar um violão e berrando a plenos pulmões: “A lua vem surgindo cor de prata...”. A partir de ontem isso não poderá mais acontecer, das 23 às 5 da manhã, com o lockdown noturno do Doria. “Serenata” a partir de agora só aquele docinho de chocolate.
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