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OPINIÕES

As agruras do comércio saltense


Quem se propõe a se estabelecer no comércio saltense precisa saber (e a grande maioria sabe) que vai enfrentar muitas dificuldades para se desenvolver e até para sobreviver. Essas dificuldades são ainda maiores numa época de pandemia, como nesta pela qual passamos, mas é preciso lembrar que antes mesmo de surgirem os primeiros casos de Covid na cidade, o que ocorreu no início do ano passado, nossos comerciantes já passavam por uma crise que ameaçava seus negócios, fazendo-os prever um futuro nada animador.

Pelo menos nos quase 55 anos de existência deste jornal, temos acompanhado o desenvolvimento do nosso comércio, pois muitas vezes dependemos dele para ajudar a manter a circulação. É preciso reconhecer que o Taperá sempre mereceu da maioria dos comerciantes saltenses uma preferência que foi importante para nossa subsistência. Na década de 1960, quando este órgão de imprensa surgiu, além da nossa edição normal, encontrávamos apoio para editar um Guia que circulava todo final de ano, com dezenas de anúncios dos estabelecimentos comerciais saltenses, Guia este que circulou até 2019, ou seja, por 49 anos, pois o primeiro circulou em 1970. Nossas edições especiais e comemorativas também sempre tiveram a colaboração do comércio local, que tinham o retorno que almejavam, mas nos últimos dois ou três anos, com as dificuldades encontradas pelos que militam no setor, a parceria foi consideravelmente reduzida, mas ainda contamos com firmas que não deixam de anunciar, pois conhecem a força do Taperá junto aos leitores saltenses.

Nesses mais de 50 anos de convivência com nosso comércio, sempre ouvimos reclamações dos que nele militam por não merecerem uma preferência maior dos que residem na cidade, que costumam fazem suas compras em cidades vizinhas, o que se agravou com o surgimento de shoppings centers em municípios maiores, como Campinas, Sorocaba e até em Itu. Este jornal tem procurado sempre dar sua contribuição para que a situação melhore, realizando promoções visando sua melhoria, que se refletiria em nosso próprio benefício (comércio mais forte, maior número de anunciantes). Realizamos durante mais de 20 a festa dos Destaques, premiando os que investiam na cidade (mais de 60 por ano); fizemos também campanhas como “Salto com muito orgulho”, “Os Preferidos dos Saltenses” e diversas outras, acontecendo atualmente “Os Melhores de Salto”, sempre com o objetivo de melhorar a situação comercial.

Em 1964 os comerciantes se uniram e surgiu a Associação Comercial, que era também Industrial e Agropecuária de Salto. Nesses mais de 50 anos, ela procurou de todas as formas incentivar nosso comércio, realizando campanhas, promovendo sorteios, enfim fez o seu papel, embora nem todos reconheçam. Infelizmente, apesar de todo o esforço o setor nunca viveu um longo período de bonança, mas, é preciso reconhecer, parte desse insucesso se deve ao comportamento tacanho de alguns poucos comerciantes, que possivelmente pela falta de orientação ou de seu próprio desinteresse em se modernizar, nunca obedeceram as comezinhas exigências de como administrar e atender a clientela.

O que se espera é que depois dos dias nebulosos e até desesperadores pelos quais passamos, nosso comércio adote um procedimento mais arrojado e mais consentâneo com a realidade que vivemos. Isso será bom para os que nele militam e também para a própria população, pois se ela prestigiar os estabelecimentos locais isso redundará em maior arrecadação de tributos e melhoria da situação do município como um todo.


CÁ ENTRE NÓS


LEI IMPRATICÁVEL

A Câmara aprovou na última terça-feira um projeto de lei do vereador Henrique Balseiros que dispõe sobre atendimento preferencial aos doadores de sangue e medula óssea em órgãos públicos privados, estabelecimentos comerciais e bancários de Salto e dá outras providências. A intenção do vereador foi das mais elogiáveis, mas se sua proposta for transformada em lei pela sanção do prefeito, já se pode adiantar que não terá efeito prático. Na legislatura passada foi aprovado um projeto que previa o atendimento de idosos e pessoas especiais em até 15 minutos em bancos e em outros estabelecimentos, mas a lei nunca foi cumprida. Idosos e outros que mereceriam preferência estão sendo tratados como cidadãos comuns e às vezes têm que aguardar até 1 hora ou mais para serem atendidos. O projeto de Balseiros pode ter o mesmo fim, infelizmente.


LISTA DE VACINADOS

Outra lei, sancionada pelo prefeito, após ter vetado dois artigos que a Câmara não considerou, estabelece a publicação de uma Lista de Vacinados, devendo constar dela alguns dígitos do CPF, data e local da vacinação, idade da pessoa vacinada, seu grupo prioritário, cargo ou função exercida e lote da vacina que foi aplicada. Não seria fácil para a administração atender a lei que ela própria sancionou, mas o prefeito teve o cuidado de baixar um decreto, regulamentando-a, considerando que só poderá fornecer os dados autorizados por agendamento e plataforma disponibilizada pelo Governo do Estado. Nesse caso, vale o poder maior, ou seja, o estadual. Outra dificuldade a ser encontrada pela Prefeitura será a possibilidade de não existirem registros, de pessoas que não fizeram agendamento ou que fizeram e no dia da vacinação seus nomes não constavam da relação disponibilizada aos funcionários que faziam o atendimento. Esta última hipótese aconteceu com este colunista: foi convocado para ser vacinado, através de e-mail, mas seu nome não constava da relação.


ABRANDAMENTO

Talvez por reconhecerem que suas críticas, formuladas na sessão da semana passada, foram um tanto pesadas, os vereadores que atacaram a administração, pela falta de transparência, por ser ruim, etc., foram mais brandos na sessão da última terça-feira. Graves críticas foram feitas inclusive por vereadores teoricamente integrantes do grupo do prefeito Laerte Sonsin Jr., mas eles devem considerar que muitos dos votos por eles obtidos aconteceram porque eram candidatos que apoiavam Laerte. Sabe-se, por exemplo, que muitos eleitores, quando solicitados a dar seu voto a determinado candidato a vereador, perguntam: de qual partido ou que candidato a prefeito eles apoiam? Se não ficaram satisfeitos com a resposta, pois são partidários de outros postulantes ao Executivo, não aceitam o pedido feito. Portanto, o vereador precisa levar em conta que se elegeu por que tinha determinado candidato ao Executivo. Evidentemente pode e deve fazer as críticas que consideram justas, mas não cometer exageros, como aconteceu. Além disso, deveriam levar em conta que Laerte completou apenas 3 meses de mandato, o que não é período suficiente para se fazer julgamentos sobre sua atuação.


ÓBITOS E CASOS

Os óbitos e casos causados pela Covid continuam aumentando e ainda tem gente ignorando as recomendações, principalmente sobre o distanciamento social. Não é difícil percorrer a cidade, seja pela manhã, à tarde e à noite, e verificar que as aglomerações continuam acontecendo e só deverão diminuir ainda mais quando o vírus atingir amigos ou entes queridos dos que ignoram os alertas. Então será tarde.


BOCA-DE-SIRI


Ar que aumenta a tarifa


Há tempos alguns vereadores reclamam que quando o abastecimento de água é suspenso, o relógio marcador continua registrando o consumo. Isso é causado pelo ar que se infiltra no relógio, sabe lá por que e como, fazendo com que o valor da tarifa de água não se reduza, como deveria acontecer. A gente deveria saber quando gastou de água e de ar, o que deveria constar da tarifa. Assim saberíamos como e quanto estão nos furtando.

Yorumlar


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