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OPINIÕES

A entrevista do prefeito Laerte


A entrevista gravada pela TV Taperá, na semana passada, com o prefeito Laerte Sonsin Jr., sobre seus primeiros 100 dias à frente da Prefeitura de Salto, mostrou que, apesar das “turbulências”, ele continua uma pessoa tranquila como era na época em que se candidatou e venceu as eleições municipais do ano passado. Um outro prefeito possivelmente estaria contrariado com o posicionamento de vereadores que foram eleitos com o seu apoio, os quais estão agindo com uma independência que beira o oposicionismo. Laerte, porém, acha normal essa independência, tendo afirmado que isso é bom para a democracia. Se ele mantiver esse pensamento no desenrolar do seu mandato, é uma declaração que merece ser elogiada, pois aceitar uma atitude dessas não tem sido comum desde a redemocratização do país, em 1949.

Instado a avaliar seu governo até aqui, ele foi muito generoso consigo próprio, pois premiou a si mesmo com a nota 9 e só não deu 10 porque entende que seria pretensioso demais. Ao invés de pretensioso, poderia ser mais comedido, o que repercutiria melhor, pois os que analisam com isenção e imparcialidade a atuação de um governante, certamente não seriam tão benevolentes. Deve-se ressaltar que 100 dias é um prazo muito exíguo para tirar conclusões e se dar nota, é preciso mais tempo para não correr o risco de apresentar um julgamento final.

Nesses quase 4 meses de atuação ele tomou algumas medidas acertadas, parecendo um prefeito um tanto tranquilo na comparação com os que o antecederam, mas nem por isso merece ser avaliado de forma altamente positiva. Por outro lado, podem ser feitas alguns reparos, embora não muito graves ao seu governo, ainda em fase inicial. Reconheça-se que ele teve pela frente problemas sérios, alguns herdados da anterior administração, outros que surgiram nos primeiros dias.

A falta de pessoal causada pela demissão dos servidores comissionados e a falta d’água no Jardim Santa Cruz e em bairros próximos foram os principais. Depois vieram a reforma do contrato com a gestora do Hospital Monte Serrat; a continuidade da pandemia em sua fase mais crítica, que provocaram protestos dos comerciantes pelo fechamento e pelas ameaças de punição aos que não respeitaram o Plano São Paulo; as críticas recebidas dos vereadores, inclusive os da base; algumas obras problemáticas, como a Clínica de Saúde Moutonnée, onde a água brota no piso (na administração passada o vereador Garotinho cansou de pedir que o prédio não fosse construído naquele local, pois havia uma mina d’água que poderia causar problema e não oi ouvido).

Como pontos positivos, pode-se citar o funcionamento praticamente normal da máquina administrativa, apesar dos desfalques de pessoal (falta e afastamento de servidores); o projeto que instituiu o Programa Especial de Parcelamento, beneficiando os inadimplentes e aumentando a receita municipal; o novo contrato com uma O.S. para o Hospital, justificado pelo péssimo serviço que vinha sendo prestado pelo IBDAH; a melhora no abastecimento de água em alguns bairros que vinham tendo problemas; o interesse pela vinda de novas empresas na cidade, com cerca de 20 sendo negociadas; a atenção dada à melhoria do trânsito; a alternativa encontrada no carnaval, com a exposição dos “bonecões” substituindo os desfiles, além de outras consideradas

Dentre os pontos negativos pode-se relacionar a falta de exigência para um serviço mais eficiente na vacinação contra a Covid, que apresentou muitas falhas; a morosidade em resolver diversos problemas, principalmente os relacionados às obras; o aceite de críticas formuladas por vereadores da base, causadas pela falta de uma conexão mais constante com eles; e a suspensão dos loteamentos e edifícios, que pode causar desemprego na cidade, dentre outros.


CÁ ENTRE NÓS


EMPRESAS E BURACOS

O prefeito Laerte fez duas declarações que alguns podem considerar exageradas em sua entrevista, ambas citando o número 20. Segundo ele, foram tapados pela Secretaria de Obras cerca de 20 mil buracos na cidade, um número incrível, se realmente for real. Buraco, como se sabe, é uma anomalia que atinge todas as vias públicas, principalmente após uma época chuvosa. Nas anteriores administrações, as reclamações eram constantes e até prosseguiram no início do atual governo, mas realmente diminuíram nos últimos dois meses. Quanto ao outro 20, ele se refere às empresas com as quais a Prefeitura (leia-se Secretaria de Desenvolvimento Econômico) está negociando. É também uma quantidade que impressiona. Se ambas as declarações do chefe do Executivo forem confirmadas, isso é ótimo para a cidade, mas que se continue a tapar os buracos e que se tenha êxito nas negociações com as novas empresas. A cidade agradece.


MOÇÃO DE REPÚDIO

Segundo o que declararam alguns vereadores, principalmente aqueles que votaram a favor da moção de repúdio às declarações do secretário dos Negócios Jurídicos da Câmara, numa reunião de bolsonaristas realizada em frente ao Quartel de Itu no mês passado, os votos poderia ter sido mudados se tivesse havido um pedido de desculpas por parte dele ou do prefeito em seu nome. Seria a melhor solução, pois o dr. Amilton Arruda Sampaio é um advogado que já deu mostras de sua capacidade profissional, tendo ocupado, inclusive, a mesma secretaria em governos passados, sem que houvesse nenhum reparo ao seu trabalho. Uma moção como essa é prejudicial a sua carreira e por isso poderia perfeitamente ser evitada. Não o foi porque 6 vereadores mantiveram as críticas que já haviam feito, que são procedentes, porque o secretário realmente errou ao se manifestar publicamente e da forma como o fez. Fica, porém, aquela impressão que não se levou em conta a necessidade de se perdoar, mesmo aqueles que cometem erros muito mais graves e de se considerar os prejuízos que um ato desses causa a um ser humano que sempre fez questão de pautar sua vida pela correção pessoal e profissional. Infelizmente faltou um pedido de desculpas, que mudaria a essência da medida.


LOTEAMENTOS

A intenção do prefeito Laerte Sonsin Jr. suspendendo a implantação de projetos imobiliários na cidade (loteamentos e construção de edifícios) pode ser explicada pelo fato de se pretender fazer uma análise da situação existente. É que nos últimos anos tivemos um grande número de lançamentos, que proporcionaram benefícios à cidade, mas também podem ter causado alguns efeitos colaterais. Existem leis que fazem exigências, principalmente no abastecimento de água, que têm sido respeitadas pelos loteadores, mas há casos pontuais que merecem uma melhor análise. Por outro lado, no entanto, a suspensão pode causar mudanças de planos, que se refletiriam na redução de emprego e renda numa época tão difícil como esta pela qual passamos. O prefeito poderia fazer as análises a que se propõe a fazer, sem a necessidade de proibir novos empreendimentos ou então estudar melhor os projetos apresentados, mas agiu de uma maneira mais drástica e isso pode causar danos não justificáveis para esta época.


BOCA-DE-SIRI


Vacina risível


Assim como o jornal Taperá, este seu criado está completando 57 anos de idade. Como não sou do grupo de risco, nem professor, nem fura-fila, não posso ser ainda vacinado, mas deveriam levar em conta que exerço uma atividade essencial: faço rir. E rir, como já foi exaustivamente comprovado, traz benefícios para a saúde, diminuindo os níveis dos hormônios do estresse, reduzindo a inflamação nas artérias, ajuda a relaxar o corpo e a mente. Só não quero ser vacinado no mesmo dia do Bolsonaro, pois nessa data o coronavírus vai já vai ter se aposentado.

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