OPINIÕES
Os riscos que os prefeitos correm
Antigamente ser prefeito de uma cidade como Salto era uma grande honra e o exercício do cargo não causava tantas preocupações como atualmente. As qualidades pessoais de quem comanda o Poder Executivo do município, dentre as quais se pode destacar a honestidade, a capacidade, o tratamento cortês e atencioso dispensado aos governados e a conduta reta no trato do dinheiro público, dentre outras coisas, não é suficiente para chegar ao final do mandato sem mácula. É que hoje, ao contrário do que ocorria há 30 ou 40 anos, o prefeito não tem o controle direto de todas as ações adotadas em sua administração. Em certos casos ele pode dividir a responsabilidade com seus secretários, o que não acontecia quando existiam os assessores num nível logo abaixo, mas na grande parte das vezes ele é obrigado a assumir os erros cometidos não apenas pelos secretários, mas também por outros ocupantes de cargos menos importantes.
Poderíamos citar diversos casos ocorridos nos últimos anos, nos quais os prefeitos foram ou estão ainda sendo responsabilizados por ações das quais eles não participaram, correndo o risco até mesmo de sofrer penalidades previstas no Código Penal, além das relacionadas ao seu futuro político. Poderíamos exemplificar citando o que aconteceu com dois ex-prefeitos na primeira e segunda década deste século. Um deles foi Juvenil Cirelli, que procurou agir sempre com correção, não tendo nenhum fato que o desabonasse em sua longa carreira política, mas que um dia, influenciado por seu secretário financeiro, fez uma aplicação indevida de R$ 1,2 milhão no Banco Rural, que estava em fase de desativação, sofrendo um processo que se prolonga até os dias atuais.
Outro caso ocorreu com Geraldo Garcia, que também teve uma vida pautada pela correção em cargos eletivos, mas que sofreu e sofre as consequências de um controle mal feito por parte de subalternos, dentre eles na dação em pagamento, que é definida como uma espécie de substituição: em vez de receber o dinheiro devido por uma cerâmica, aceitou receber tijolos e telhas para ser utilizado nas obras da Prefeitura. O desconto seria menor que 1 milhão de reais, mas teria ultrapassado 3 milhões e meio, segundo se comentou porque a funcionária encarregada de fazer o desconto na troca da dívida pelas telhas e tijolos, não o fez corretamente. O processo ainda corre na Justiça e Geraldo está tendo que se desdobrar para sair dessa.
O recente caso do parque de diversões autorizado por uma secretaria para se instalar na cidade, episódio do qual o prefeito Laerte Sonsin Jr. não participou, obviamente por se tratar da competência de subalternos, talvez seja um exemplo também do risco que um chefe do Executivo corre se não colocar ou manter as pessoas certas nos lugares certos. Uma falha pode comprometer seriamente sua passagem pelo cargo e o cuidado deve ser muito grande, pois o Tribunal de Contas, assim como outros fiscalizadores e as próprias pessoas comuns estão sempre de olho e qualquer “derrapada” pode ser fatal. Pra não sofrer as consequências de alguns dos seus antecessores, o atual chefe do Executivo precisa estar sempre atento, 24 horas por dia, cada um dos 365 dias do ano e nos 4 anos à frente do Poder Público municipal.
Não podemos deixar também de aproveitar a oportunidade que este comentário nos oferece para destacar a necessidade de em determinadas ocasiões o prefeito agir de forma mais enérgica, impedindo que alguns ou algum dos seus comandados se arvore como eventual defensor e pratique atos para os quais não está autorizado, neste caso expondo o Executivo a um desgaste de imagem que é muito fácil de evitar. Quem acompanha nossos comentários sabe a que fato nos referimos.
CÁ ENTRE NÓS
PARQUE DE DIVERSÕES
Repercutiu mal a autorização dada por um dos setores da Prefeitura para que um parque de diversões se instalasse às margens da Rodovia Hilário Ferrari. Questionado, o prefeito afirmou que o alvará que permitirá o funcionamento do parque não será concedido, em virtude da pandemia que atinge a cidade e o mundo. Alguns vereadores perguntaram: então por que autorizou a instalação se não poderá funcionar? Um vereador já disse: é como quebrar os ovos e não fazer a maionese. Poderíamos acrescentar outros exemplos, como este: por que comprar uma roupa nova para um filho ou filha e proibi-lo(a) de usá-la.
PRIMEIRO ATRITO
Tem havido entre vereadores considerados da situação ou da oposição algumas divergências, mas nada muito sérias. Na última terça-feira, porém, o vereador Kiel Damasceno fez críticas um tanto ríspidas a Daniel Bertani, acusando-o de procurar questionar o trabalho de outros membros do Legislativo, considerando que isso é demagogia e enganação do povo. Inclusive citou nominalmente o vereador que recebeu a crítica e afirmou que ele se acha no direito de julgar vereadores da anterior e até da atual legislatura. Bertani foi menos incisivo na resposta, dizendo apenas que se preocupa com seu trabalho, considerando que todos têm o direito de falar o que sentem. Com isso, parece que pelo menos por enquanto não vai haver maiores ................ entre as partes.
NOTA 10
Em se falando em pandemia, merece nota 10 a organização que se verifica na vacinação que acontece no Ginásio Municipal de Esportes, sendo atendida muita gente sem que se observe desrespeito às regras estabelecidas pelo Plano São Paulo. Esse 10 é extensivo a todos que trabalham nesse local, muitos dos quais sacrificam a família, seus horários de descanso e até compromissos pessoais para dar atendimento aos que necessitam receber as vacinas que podem significar melhoras ou a própria manutenção de suas vidas.
SECRETÁRIOS
Recentemente o prefeito Laerte Sonsin Jr. nomeou dois novos secretários, ambos advogados, como tem sido a preferência do nosso atual governante. Nada contra, pois ambos, pelas referências que chegaram ao nosso conhecimento, têm condições de exercer a profissão. Houve uma certa surpresa em relação ao novo secretário da Administração, Michel Hulmann, pelo fato de ele ter feito parte da equipe dos ex-prefeitos Juvenil Cirelli e Geraldo Garcia, além de (segundo nos informaram porque não acompanhamos as manifestações nas redes sociais) ter sido um crítico do prefeito Laerte. Isso não deve servir de empecilho se ele desempenhar bem as funções que assumiu, o que só o tempo dirá. Quanto a Antonio Ruy Neto, ele tem como credencial ser neto e filho dos saudosos Antonio Ruy avô, um homem com destaque no sindicalismo saltense e do também advogado Antonio Ruy. Vai ter oportunidade de confirmar no cargo que passou a exercer as qualidades dos seus familiares antecessores.
BOCA-DE-SIRI
Parque da Pandemia
A Prefeitura permitiu a instalação de um parque de diversões em plena pandemia e ficamos imaginando quais os brinquedos que ele oferecerá nesta época. Poderemos ter a montanha russa que só sobe, como o número de óbitos; uma roda-gigante que mostrará lá em cima a quantidade de casos da Covid; carrinhos bate-bate deixando tonto o vírus e levando-o de lá pra cá e de cá pra lá e barracas dando vacinas como prêmio pra quem prender o vírus com a argola ou acertar a maior quantidade deles no tiro-ao-alvo.
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