OPINIÕES
O futuro de Salto planejado para 4 anos
Foi somente com a implantação do Modelo Orçamentário Brasileiro, oficializado pela Constituição Federal de 1988, que o país passou a contar com a exigência da apresentação do PPA (Plano Plurianual), LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e LOA (Lei Orçamentária Anual), Todos os municípios brasileiros são obrigados a cumprir essa exigência, que nem sempre foi levada muito a sério, a não ser a Lei Orçamentária Anual, que deve ser votada até o final do ano, prazo que, aliás, às vezes não é respeitado, inclusive pelo legislativo federal. Para atender o que determina nossa Carta Magna, nesta semana foi realizada na Câmara de Salto uma audiência pública de um desses instrumentos, o Plano Plurianual (PPA), que tem a vigência de quatro anos, cuja função é estabelecer as diretrizes, objetivos e metas de médio prazo da administração pública.
A audiência pública contou com a presença do prefeito, do vice e da maioria dos secretários municipais, sendo que estes deram as explicações necessárias, solicitadas pelos vereadores presentes e por pessoas do povo. Deve ter sido a primeira vez que o projeto referente à PPA foi discutido abertamente e não apenas pelos vereadores, como acontecia anteriormente, o que é bastante positivo, revelando o respeito pela legislação e a necessidade de se revelar o que a atual administração pretende fazer nos próximos 4 anos.
Não se espere que tudo o que foi citado como obras ou medidas anunciadas na referida audiência se tornem realidade. Funciona mais ou menos como um plano de governo: ao se candidatar o postulante a um cargo do Executivo promete coisas que pretende tornar realidade, mas nem sempre as finanças ou algum outro motivo importante torna isso possível. Os leitores devem se lembrar das muitas promessas feitas por administrações anteriores que não aconteceram. Infelizmente, o povo tem memória fraca e não se recorda sequer em quem votou nas últimas eleições, quanto mais das promessas feitas pelos candidatos. Cabe à imprensa, que precisa estar sempre alerta, fazer essas cobranças, mas as justificativas são sempre as mesmas, a maioria delas calcadas na falta de recursos. Isso pode ou não ocorrer no atual governo, que está ainda nos seus primeiros meses e não pode ser cobrado com veemência, como alguns têm feito.
Dentre as previsões feitas na PPA deste ano estão algumas que exigirão empenho e as verbas necessárias, como, por exemplo, a construção de um novo prédio para o Conservatório Municipal. É uma medida necessária, mas difícil de executar. Existem outras que podem ser consideradas discutíveis, como a implantação de uma Usina de Asfalto, que custaria em torno de 20 milhões de reais. Aliás, durante a audiência de quarta-feira o vereador Vinícius Saudino questionou o prefeito Laerte sobre essa despesa, achando que poderia ser aplicada na melhoria das instalações do Hospital Monte Serrat, por exemplo. O prefeito rebateu dizendo que uma usina de asfalto reduziria os gastos do município com os serviços executados na via pública, inclusive no tamponamento de buracos, mas isso é algo que precisa ser melhor avaliado.
O que se espera é que a execução do planejamento proporcionado pela PPA seja útil para a cidade nos vários setores da vida municipal, justificando um
Instrumento que deve ser levado mais a sério, ao contrário do que sempre aconteceu.
CÁ ENTRE NÓS
VINDA DA AMBEV
Essa deve ter sido a grande notícia do ano: a instalação de um depósito de bebidas da Ambev em nossa cidade, que não será o maior dessa empresa, mas ocupará uma área enorme, com 32 mil metros quadrados. No prédio que voltará a ser ocupado funcionou a Marsicano, uma indústria que proporcionava emprego a centenas de trabalhadores saltenses e que encerrou suas atividades de forma trágica, deixando não só desempregados, mas pessoas que não receberam no devido tempo e com todos os direitos os valores proporcionados pela demissão. Fala-se na criação de 350 empregos, mas certamente esse número crescerá bastante com os indiretos, além de proporcionar um aumento na arrecadação de impostos. O prefeito Laerte deu a notícia e a Ambev confirmou a vinda, esperando-se que nada venha a atrapalhar essa grande conquista para o município.
EMPREGOS
Enquanto cidades da região - não só Itu e Indaiatuba, com as quais sempre são feitas comparações, mas com diversas outras próximas - estão apresentando saldos positivos de empregos, Salto continua no vermelho. Houve uma pequena melhora em três meses deste ano, mas foram insuficientes para reverter o quadro. No primeiro semestre deste ano o saldo negativo foi de 312 vagas, que não é um número preocupante. Quando a Ambev passar a funcionar em Salto, o que está previsto para este ano, serão criados 350 empregos diretos, o que tornaria o negativo em positivo. No entanto, é preciso saber como será o comportamento de todos os setores do município, pois poderá haver neles uma quantidade maior de demissões do que das admissões. A atual administração pode ter boa vontade, disposição para melhorar a situação, mas essa não é uma medida que se resolve com uma canetada ou a curto prazo. As empresas em funcionamento, assim como o setor de serviços já existente podem apresentar melhoras, mas a torcida é que alguma grande empresa, como a Ambev, nos brinde com outra boa notícia nos próximos meses.
ECOBARREIRAS
O Inevat não gostou da notícia sobre a instalação de ecobarreiras para reter o lixo do Rio Tietê, lembrando que em 1995 o Governo do Estado prometeu instalar 4 barreiras na Região Metropolitana de São Paulo para impedir que o lixo das cidades que nela se situam seguisse seu rumo rio abaixo, mas isso até agora não aconteceu. O Inevat sempre batalhou para que o lixo não chegasse até Salto, tendo proposto, inclusive, que a barreira fosse construída em Pirapora do Bom Jesus, mas nunca foi atendido. Com a providência adotada pela SOS Mata Atlântica, implantando as ecobarreiras, a situação não será resolvida, mas impedirá que o lixo chegue até o centro de nossa cidade e tenha que ser recolhido pela Prefeitura. A SOS pretende que o lixo seja aproveitado pela reciclagem, mas nem sempre isso é possível, pois o material sofre os efeitos danosos da poluição química. Louve-se o interesse da SOS Mata Atlântica em procurar encontrar uma solução, mas o que é necessário mesmo é as cidades prejudicadas se unirem e exigirem do Governo do Estado uma atitude que resolva seu problema. Não serão ofícios ou audiências que mudarão a situação, mas medidas mais fortes e decisivas como mandar um caminhão descarregar o lixo em frente ao Palácio dos Bandeirantes ou fazer algo parecido. Se o blá-blá-blá e as conversas fiadas de décadas não deram nenhum resultado, uma atitude mais drástica pode causar o efeito que se deseja.
BOCA-DE-SIRI
Roubo identificado
Hoje a petulância dos que cometem crimes é tão acentuada que os criminosos nem se preocupam em esconder sua identidade antes de cometer uma ilegalidade. Foi o que aconteceu com o ladrão que forneceu o CPF antes de praticar o assalto. Depois de identificado e preso, talvez ele até se arrependeu de não ter fornecido também seu endereço, o que reduziria o trabalho da Polícia na consulta de documentos para descobrir quem era o fora da lei.
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