OPINIÕES
As tensas relações entre o Legislativo e o Executivo
Em legislaturas anteriores vereadores chegaram a se comportar como “paus mandados”, aqueles que obedecem tudo o que lhes é determinado. Nem todos eles, é bom que se esclareça, mas a maioria, que formava a base dos prefeitos que se sucederam à frente do município, sempre votava de acordo com o que lhes era determinado, mesmo que tivessem opinião contrária. A justificativa era que por fazer parte da situação, tinham que colaborar para que as ideias do chefe do Executivo fossem colocadas em prática.
Essa conduta não está sendo obedecida na atual legislatura. A maioria dos vereadores tem agido com independência, não levando em conta se foram eleitos juntamente com o prefeito Laerte Sonsin Jr. Alguns até extrapolam, posicionando-se mesmo quando existem dúvidas se devem ou não justificar o fato de serem situacionistas, o que não tem sido levado em conta. Pode-se citar como os que não fazem nenhuma questão de agradar o prefeito eleito no ano passado o presidente Cícero Granjeiro Landim, que tem agido da forma que considera correta, mesmo que isso contrarie os interesses de quem comanda as ações municipais. Seguem-no Henrique Balseiros, que inclusive ingressou no Ministério Público contra Laerte; Daniel Bertani, este menos radical nessa questão, mas com alguns posicionamentos que revelam independência; podendo-se citar ainda, dentre os que foram eleitos juntamente com o prefeito Laerte o vereador Sandro Silva. O 5º e último, Gideon Tavares, depois que foi escolhido líder do governo na Câmara, tem procurado defender o Executivo, mas nem por isso deixa às vezes de se posicionar contra, como aconteceu nesta semana ao assinar um ofício de protesto contra Laerte, assinado também pelos demais 10 vereadores.
Os 6 que não foram eleitos com o atual chefe do Executivo, embora às vezes adotem um posicionamento favorável às pretensões de Laerte, sempre se lembram que são oposicionistas e por isso não perdem a chance de fazer suas críticas, sendo que alguns são mais rígidos na formulação delas, como Vinícius Saudino e Antonio Cordeiro.
A culpa desse comportamento da maioria dos que militam no Legislativo local é do prefeito Laerte, que não é daqueles que ficam paparicando os vereadores para obter apoio. Quem age dessa maneira evidentemente sofre os efeitos, não conseguindo tornar realidade alguns projetos, sendo derrotado na apreciação dos vetos e recebendo críticas na maior parte do tempo. Infelizmente, a política não é algo que mereça respeito e muitos dos que dela fazem parte não agem dentro dos parâmetros da boa conduta, colocando seus interesses políticos e até pessoais acima de tudo.
Um bom exemplo tivemos na política nacional: o presidente Jair Bolsonaro alardeou na campanha que não iria fazer o jogo de deputados e senadores, que vinculam a aprovação de projetos ao recebimento de verbas, ao atendimento de suas reivindicações, por mais condenáveis que sejam. Acabou admitindo que se agisse como pretendia, seu governo iria sofrer os prejuízos que impediriam a aplicação dos seus projetos e acabou aceitando a influência do Centrão.
Não se pode exigir que Laerte Sonsin Jr. aja da mesma forma, pois sua estrutura moral é diferente da de Bolsonaro, mas ele pode mudar o atual clima de tensão se agir com inteligência, procurando um diálogo com todos os vereadores (coisa que até hoje não houve) e não se encastelando no cargo como tem acontecido. Será bom pra ele e para o município.
CÁ ENTRE NÓS
OFÍCIO DE PROTESTO
O comentário que fazemos na abertura desta coluna foi motivado pelos vários desentendimentos entre vereadores e o prefeito, culminando nesta semana com a rejeição de mais um veto. Pesou muito ainda a elaboração e envio de um ofício de protesto contra Laerte, pelo fato de ele não ter envolvido a Câmara nas negociações para a contratação emergencial de um novo gestor para o Hospital Municipal, o que seria uma forma de não dar muita importância ao Legislativo. Este colunista entrou em contato com o chefe do Executivo nesta semana, inquirindo-o sobre referido ofício e ele limitou-se a dizer que “a lei só exige que a publicação seja feita do ato de homologação da contratação. Então estou seguindo a lei”. Outro prefeito, que desejasse voltar às boas com os vereadores, certamente procuraria se explicar junto a eles, apresentando sua justificativa e procurando um entendimento para o futuro. Isso não quer dizer que se rebaixaria, pois os poderes devem se comunicar entre si, sem que isso signifique um recuo ou um ato de submissão.
AÇÕES NO TURISMO
Foi bastante positiva a reunião do secretário de Turismo com os vereadores saltenses, no final da semana passada. Ela demonstrou que ao contrário do que imaginavam alguns membros do Legislativo, Wanderley Rigolin tem muitos projetos para serem executados, como os que terão verbas destinadas a nossa estância pelo DADE. Também já está estudando outros e, na conversa com os vereadores, estes se referiram ao Turismo Religioso e Turismo Rural. No que se refere ao Turismo Religioso, Salto já atrai muitos turistas, mas os problemas com o acesso ao Monumento da Padroeira impedem um aumento maior. O projeto do ex-prefeito Geraldo de implantar esse acesso a partir da Rodovia Hilário Ferrari está pronto para ser executado, com desapropriação de um imóvel e acordo com a família Ferrari, que se mostra disposta a colaborar. Já o Turismo Rural ele ainda é incipiente, mas merece apoio, pois já demonstrou ser um setor que atrai muitos turistas.
SECRETÁRIO DE GOVERNO
Explodiu como uma bomba a divulgação feita na internet, nesta semana, sobre possível corrupção na Secretaria de Governo, comandada por Francisco Procópio. Ela é extensa, com muitos detalhes, nomes de pessoas e empresas envolvidas, enfim é algo que deixa os internautas em dúvida se o que foi divulgado procede. Sem entrar no mérito da divulgação, em primeiro lugar é necessário verificar que se tratam de acusações anônimas e isso já descaracteriza o que foi narrado. Como se sabe, nas redes sociais cada um fala ou escreve o que quer, achando que tem esse direito, mas não é nada disso. Se essa pessoa (ou pessoas) que fizeram a divulgação possuem provas para comprovar o que dizem, deveriam procurar o Ministério Público ou encontrar alguém que o faça. Tudo o que consta pode até ser verdadeiro, mas se não houver a necessária comprovação, fica como folhas jogadas ao vento, com a diferença que nesse caso os efeitos negativos são de grande monta.
BOCA-DE-SIRI
Água sabor peixe
Moradores do Jardim Santa Cruz estão reclamando que a água que recebem (quando chega) tem sabor e cheiro de peixe. O vereador Macaia reclamou na Câmara, dizendo que após o banho ele fica com um cheirinho esquisito. Ainda bem que o SAAE abastece Salto com as águas do Piraí e do Buru. Já imaginaram se um dia essa água acabar e vai ter que ser retirada a água do Tietê? Teremos então água sabor Lama Preta, Espuma Tóxica e outras delícias.
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