OPINIÕES
A greve e a situação da Nardelli
Como já dissemos num outro comentário, o transporte coletivo na cidade já foi um grande negócio. Hoje a empresa que venceu a licitação realizada no ano passado e que há mais de 50 anos serviu os saltenses, sofre as consequências da crise, da pandemia e da falta de apoio por parte do Poder Público. Este tirou da empresa a incumbência de administrar o setor, o que ela vinha fazendo sem maiores problemas, e assumiu a responsabilidade, mas desde que isso aconteceu, a partir da administração passada, não se tem mostrado capaz de uma tarefa que exige tirocínio, organização, responsabilidade e competência. Até que se chegou à situação atual, que mostra uma empresa fragilizada financeiramente, com compromissos que teve que assumir e não pode cumpri-los, e uma Prefeitura que não cumpre as obrigações contratuais, obrigando a Nardelli a recorrer à Justiça para defender seus direitos.
Tem gente, inclusive vereadores da anterior e atual legislatura, que acham um absurdo a Prefeitura ter que pagar algum valor à Nardelli, comparando-a com as lojas e outros estabelecimentos que tiveram prejuízos durante a pandemia. A situação é diferente, as lojas e estabelecimentos não têm um contrato com o Poder Público como a Nardelli tem, que exige o pagamento de perdas, aumento ou redução de linhas e ônibus, reajuste das passagens, além de outras. Se o contrato foi bem ou mal redigido, não é problema da empresa, mas da Prefeitura, que foi quem o elaborou. Aliás, a administração passada, depois das negociações, aceitou que a Nardelli tinha direito a receber mais de 2 milhões de reais e até empenhou a primeira parcela, de mais de 200 mil reais, mas marcou o pagamento para o dia 4 de janeiro deste ano, quando o atual governo assumiu. Este, teve o cuidado de estudar o assunto (o que é perfeitamente compreensível) e entendeu que só deveria efetuar o pagamento depois de comprovados os direitos da Nardelli, mas, como todos os casos que caem no colo da atual administração, o assunto ficou em banho-maria, exigindo que a empresa recorresse ao Judiciário, reivindicando um valor bem maior que os mais de 2 milhões a princípio estabelecidos, pois entende que outros débitos surgiram.
Outras cidades, dentre elas Indaiatuba, apoiam o transporte público, oferecendo subsídios às empresas, pois é do interesse desses municípios que elas se sustentem e não causem problemas aos motoristas e demais funcionários que não têm aumento, não recebem em dia e correm o risco de se juntar aos muitos que já foram demitidos. Também não concorrem para que a falta de transporte, que foi mais sentida durante a greve, prejudique aqueles que fazem uso dos ônibus municipais para seus deslocamentos na cidade. A Prefeitura poderá alegar que não pode pagar subsídios, mas poderia pelo menos atender o que estabelece o contrato firmado entre as partes, o que reequilibraria a situação financeira da Nardelli, permitindo que ela continue apoiando seus funcionários e beneficiando a população com os seus serviços. Até agora, porém, ela se faz de desentendida.
CÁ ENTRE NÓS
CONSÓRCIO DA IMPRENSA
Nesta semana foi feito o lançamento do Consórcio da Imprensa, reunindo os dois jornais, um blog e um portal de notícias, considerados os mais importantes da rede social saltense. Este colunista não faz parte da equipe que produz as matérias, não participou da criação do grupo, sendo representado pelo seu filho Valter Lenzi Jr., mas apoia os seus integrantes. Espera-se que essa união dê frutos e que Salto e os saltenses sejam os maiores beneficiados dessa iniciativa pioneira nos mais de 130 anos de história da imprensa local.
IMPRENSA IGNORADA
Até agora a atual administração não tem dado a devida importância à imprensa local, incluindo-se também a Rádio Amiga, emissora que divulga as coisas que acontecem na cidade, principalmente em seu programa que vai ao ar aos sábados. No caso do Taperá, três episódios ocorridos nos últimos dias demonstram que o prefeito Laerte Sonsin Jr. não reconhece o trabalho executado pelos jornalistas, cujas divulgações atingem um público que não acompanha as que são veiculadas nas redes sociais. Primeiro o SAAE, que pertence à sua administração, enviou um comunicado a este jornal para ser publicado na edição do último sábado. Na sexta-feira, depois que o comunicado foi publicado no jornal Primeira Feira, informou a um nosso funcionário que o comunicado não seria publicado. Na semana passada, a Prefeitura entrou em contato com o Taperá reservando duas páginas, uma para ser publicada no Especial de Natal, que está circulando neste sábado, e outra para a véspera do Ano Novo. No início desta semana, este jornal tomou conhecimento através de terceiros, que a publicação das duas páginas foi suspensa. A Prefeitura sequer se dignou a entrar em contato conosco para comunicar a decisão. Para completar, nesta semana a empresa do jornalista do Taperá, Nelson Lisboa, que atua na geração de conteúdo para o site do órgão municipal, recebeu a comunicação que seu contrato não será renovado para 2022, ao contrário do que aconteceu no início deste ano.
SOLÍCITO, MAS...
Laerte é muito solícito e educado com todos os jornalistas e inclusive com os deste órgão de imprensa, mas na hora do “vamo vê”, de utilizar a publicidade institucional, que não admite oba-oba, mas serve para divulgar ações que precisam chegar à população, ele não prestigia a imprensa, como fazia, por exemplo, a anterior administração. Durante a pandemia e agora, no que se refere à falta d’água, a municipalidade deveria manter através da imprensa da cidade um diálogo permanente com os milhares de cidadãos que não têm ou não desejam ter acesso às redes sociais, mas não o faz. Alega que publicações só através de agência, mas a Prefeitura não tomou as providências com a necessária presteza e até agora não foi feita a contratação dessa agência. Aliás, esse argumento apresentado para não publicar nada é discutível, pois a agência só é necessária para montar anúncios e a divulgação de comunicados por escrito não se enquadra nessa exigência. Seria uma desculpa para não prestigiar os órgãos de imprensa local? Pode-se até pensar em retaliação, como no caso da prorrogação do contrato do jornalista Nelson? O tempo dirá.
EDITAL DO HOSPITAL
A gestação e os “partos” que ocorrem na atual administração, envolvendo a tomada de decisão ou a falta dela, são os mais longos na história administrativa de Salto. Tudo é demorado e na maior parte das vezes não se chega a uma solução para os muitos problemas que surgem e que são empurrados com a barriga. Poderíamos citar muitos casos, mas um salta aos olhos pelo absurdo que encerra. Nos anteriores governos a Prefeitura, através de seus departamentos, sempre foi capaz de elaborar os editais de licitação pública, nem sempre o fez de maneira correta, mas não precisou contratar terceiros para assessorá-lo. Não é o que hoje acontece: foi feito um edital neste ano para a escolha do novo gestor do Hospital Monte Serrat, que o Tribunal de Contas do Estado não aprovou, mas até hoje a Prefeitura não corrigiu o que estava errado e nem teve capacidade para elaborar um outro edital. Por isso vai contratar uma empresa para elaborar o documento, pagando por um serviço que teria a obrigação de executar. Aliás, não só nesse caso, mas em outros também, nota-se que faltam pessoas capacitadas na atual administração, o que põe em risco a própria segurança do prefeito Laerte, que pode inclusive ser condenado por culpa dos seus auxiliares, como aconteceu com o ex-prefeito Geraldo Garcia.
SAÍDA DO SECRETÁRIO
O secretário de Governo deixou o cargo nesta semana. Se foi realmente a pedido, foi uma atitude digna, pois poderá melhorar as relações de Laerte com os vereadores. O que se pergunta é: será que se ele não pedisse demissão Laerte teria coragem suficiente para demiti-lo?
BOCA-DE-SIRI
Eu me amo
Na entrevista que concedeu à imprensa nesta semana, o prefeito Laerte Sonsin Jr. deu nota 9,5 para si próprio e disse que só não deu 10 porque a nota máxima é só pra Deus. Esse amor próprio é comum em todos os políticos, que sempre se acham melhor do que a avaliação que o povo faz. E, para tirar suas dúvidas, fazem como a rainha má da fábula da Branca de Neve, no seu caso se perguntando: “Espelho, espelho meu, existe algum governo melhor que o meu?” O espelho é mudo, mas tem outras maneiras de responder à pergunta.
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