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OPINIÕES

O primeiro ano do prefeito Laerte


Quando assumiu a Prefeitura de Salto em janeiro de 2021, o prefeito eleito Laerte Sonsin Jr. declarou em entrevista a este jornal que tinha 3 prioridades no seu primeiro ano de governo: abastecimento de água, vacinação contra a Covid-19 e volta às aulas. Durante a campanha ele já tinha citado outras prioridades, dentre elas a criação de novos empregos, mas de todas as relacionadas para seus primeiros dias à frente da Prefeitura, pode-se dizer que ele obteve êxito em apenas uma: a vacinação. Depois de um início claudicante, que proporcionou muitas críticas por parte dos vereadores no que se refere à Covid-19, contribuindo até para a saída do primeiro secretário da Saúde, Fábio Sartório, o trabalho de vacinação vem funcionando bem, inclusive provocando muitos elogios por parte daqueles que são atendidos. A volta às aulas não pode ser considerada como êxito ou fracasso, pois não dependeu de decisão do governo municipal, mas do Estado, e o abastecimento d’água, assim como a criação de empregos, não vingaram.

Não seria possível para Laerte resolver o problema da falta d’água de imediato, pois a estiagem foi das piores dos últimos anos, mas lhe caberia algumas atitudes para minimizar a questão, que culminou com a adoção do racionamento, que foi inevitável. Registre-se que foram encontradas algumas alternativas quando tanto o Piraí como o Buru praticamente secaram, ou seja, a utilização das cavas e lagos de condomínios, que ajudaram a enfrentar o problema. Quanto aos empregos, ele não pôde cumprir a promessa feita que todos os meses haveria números positivos, pois isso ocorreu em apenas 6 e o déficit é considerável, enquanto cidades da região tiveram mais sorte e apresentam situação muito melhor, com milhares de empregos criados. Para só citar um problema grave na Saúde, infelizmente continua sendo um tormento para os cidadãos marcarem consultas ou fazerem exames médicos. A demora, ao invés de diminuir, parece que aumentou.

De maneira geral, pode-se dizer que Laerte cometeu mais pecados do que “boas ações”. Por isso os 9,5 que ele deu a si próprio foi um exagero, assim como o foi a nota 9 que havia se atribuído nos primeiros 100 dias de governo. É que foram poucas as medidas que merecem uma avaliação superior, esperando-se que nos próximos 3 anos isso venha a acontecer. Faltou-lhe, para que isso acontecesse neste primeiro ano, como já tivemos a oportunidade de destacar, maior autoridade e decisão para enfrentar os problemas que surgiram de forma mais célere. Ele se omite em muitas ocasiões, como ocorreu nas acusações graves feitas ao seu secretário de Governo e problemas ocorridos com os secretários de Negócios Jurídicos, da Cultura e da Saúde, este só deixando o cargo depois de Laerte sofrer um desgaste muito grande com as repetidas críticas partidas da Câmara.

Ele também foi omisso ao não se interessar por problemas que considerou pontuais, mas que refletem na comunidade, como a intervenção no Lar Frederico Ozanam e o fechamento de agências bancárias. Ele adotou a posição “não tenho nada com isso”, mas tem sim, pois o Lar atende muitos munícipes, inclusive idosos, é importante para a cidade como um todo e está em mãos de alguns aproveitadores; o mesmo pode-se dizer que está acontecendo com as agências bancárias, que foram reduzidas e funcionando precariamente. Neste último caso ele se limitou a enviar um ofício à direção dos bancos e não deve ter recebido nem resposta. Acrescente-se também a falta de uma ação mais incisiva contra o lixo e o lodo trazidos pelo Tietê, com a morte de milhares de peixes, ação que provocou apenas alguns protestos tímidos de sua parte.

Como alguns vereadores apontaram, com muita razão, a comunicação dele para com o Legislativo e de maneira geral é péssima, pois não responde e nem se manifesta da forma como deveria o que evitaria inclusive críticas injustas. As seguidas derrotas sofridas no Legislativo são uma causa disso e parece que não o abalaram, mas provocaram desgastes que poderiam ser evitados, se seu comportamento fosse diferente. Foram discutíveis também algumas de suas atitudes, como a suspensão da Zona Azul e a demora (que deve se prolongar até meados de 2022), da contratação de uma nova empresa, lembrando-se também que a antiga deve a muitos motoristas e até agora não houve uma solução. Demorado está também o funcionamento da Clínica Moutonnée, que apresentou problemas, assim como a da Avenida das Nações, embora a primeira possa ser possível precariamente, transferindo-se os funcionários da Clínica do Salto de São José e os equipamentos (inclusive móveis) até que os novos sejam adquiridos. O fechamento demorado também da Areninha próxima ao Cemitério é outra obra da administração anterior que está paralisada, sabe-se lá até quando.

O anúncio da Usina de Asfalto (que virou Usina de Pavimentação) causou-lhe também desgaste junto à Câmara, que inclusive fez uma inédita obstrução na sua história, que acabou aprovando depois de um diálogo que deveria anteceder o envio do projeto. Uma ação mais rigorosa e em defesa dos funcionários do Hospital Monte Serrat também foi sentida e apontada pelos seus críticos, assim como nenhuma atitude em favor de médicos importantes para essa casa de saúde, como os drs. Renato Cassani e Cláudio Terasaka. A demora na licitação para a nova gestora do Hospital, pela falta de pessoas capacitadas em sua administração, também é algo inexplicável. A Prefeitura vai ter que pagar para elaborar o edital, algo que nunca ocorreu antes.

Em resumo, esses foram os maiores erros de Laerte à frente da Prefeitura. Não os apontamos com satisfação, mas com o único objetivo de mostrá-los para que ele evite a repetição ou aumento nos próximos 3 anos, para o bem do nosso município. Registre-se que o 1º ano de Laerte teve alguns pontos positivos, como o fato de ele ser uma pessoa acessível ao diálogo (quando provocado) e de não poder ser acusado de alguma ação desonesta, garantida por sua origem. Tomou em seus 12 primeiros meses algumas atitudes de não muita repercussão, procurando beneficiar o município. Pode-se citar como importantes, seu empenho em dar prosseguimento às tratativas para se conseguir a verba de 70 milhões para a Barragem do Piraí, pedido de empréstimo de 20 milhões para a pavimentação de vias públicas em 2022 e conquista de 10 milhões para uma nova ETA no Piraí. Outras de menor porte aconteceram, mas não foram tão expressivas a ponto de terem que ser citadas.


O vice Edemilson – Tem gente que considera exagerada a participação do vice-prefeito Edemilson dos Santos na atual administração. Não se sabe até que ponto ele influencia as decisões de Laerte, pois isso ocorre entre quatro paredes, mas não vemos como prejudicial a participação de alguém experiente na administração, a não ser que ele esteja ou ela venha a ser exorbitante. Em relação ao vice, o prefeito perde pontos quando nas redes sociais, na Câmara e nas conversas do dia a dia se comenta que quando ele era vereador tinha solução pra tudo, agora não consegue ajudar para que muitos problemas sejam resolvidos, como falta d’água, demora na marcação de exames e consultas e vários outros.


Secretários – Infelizmente Laerte perdeu uma pessoa que seria importantíssima em seu governo, o secretário de Administração Caio Vinicius Picinin, que faleceu durante 2021. Com ele, temos certeza que não haveria necessidade de se contratar uma empresa para elaborar o edital para a escolha do gestor do Hospital, dentre outras coisas. Analisando o trabalho dos demais secretários, verifica-se que pelo menos dois tiveram melhor participação que os demais: o da Cultura, Oséas Singh Jr., que sem dinheiro, mas com várias parcerias, conseguiu realizar muitos eventos, melhorou a situação de prédios como o Museu da Cidade, organizou comemorações natalinas, etc. Falhou ao se calar até agora e quando a administração dificultou o acesso dos frequentadores e acadêmicos à Biblioteca Municipal, impedindo o estacionamento em frente. Wanderley Rigolin também vem cumprindo sua missão, só que no Turismo, elaborando alguns projetos importantíssimos que foram submetidos ao DADE e que certamente serão aprovados, podendo-se citar a criação de uma espécie de “Rua do Porto” de Piracicaba, na Barra, a homenagem a Anselmo Duarte, a reforma no Complexo da Cachoeira, dentre outros. Ele não pôde realizar praticamente nada como secretário do Desenvolvimento Econômico, porque isso enseja um trabalho a longo prazo, mas alguma coisa nova surgiu ou as negociações prosseguem, mas geralmente são demoradas.

Quanto aos demais secretários, Mércia Falcini, da Ação Social e Cidadania, apresentou algumas medidas em favor dos moradores de rua e de pessoas com necessidades. --- Nivaldo Panossian, do Desenvolvimento Urbano, fez o que lhe foi exigido, podendo vir a se destacar quando o atual governo entrar numa fase mais produtiva. --- Anna Cristina Fávero se dedicou à Educação, mas teve uma decisão polêmica (transferência do Cemus V), que provocou protestos de vereadores e pais, mas ela não se omitiu e enfrentou o problema. --- Valdir Líbero, do Esporte, sofreu críticas partidas de um ou dois vereadores (algumas delas injustas), e não pôde realizar muita coisa, em virtude da situação que encontrou e da verba reduzida. --- Adriana Lourenço, das Finanças procurou realizar o que era possível e até confrontou o prefeito quando afirmou na Câmara que a arrecadação municipal melhorara, o que foi comprovado com o fato de que a Prefeitura passará de um ano para outro com 6 milhões em caixa. --- Francisco Procópio, da Secretaria de Governo, “pisou na bola” quando foi flagrado fazendo declarações polêmicas num bar da cidade e posteriormente quando pediu a demissão de um funcionário da C.S.O., pelo fato de ser sogro do vereador oposicionista Vinícius Saudino. Se realmente pediu demissão, teve hombridade para agir dessa maneira. --- Dr. Amilton Arruda Sampaio, dos Negócios Jurídicos, assessorou Laerte e, apesar de ter aparecido numa manifestação política em Itu, criticada por vereadores, utilizou sua experiência na solução das questões apresentadas (foi secretário de Pilzio e de Juvenil). --- Oswaldo Antonio Dalla Vecchia, do Meio Ambiente, se saiu muito bem ao agir contra proprietários de terrenos tomados pelo mato, aplicando multas, além de tomar outras atitudes em defesa do nosso meio ambiente. Único porém: foi criticado pelo presidente da Câmara, Cícero Landim, sendo acusado de que teria praticado arbitrariedade, violência e truculência (o que ele contesta) na desocupação de uma Área de Preservação Permanente. --- Michel Hulmann, da Defesa Social, atuou com autoridade na mudança complicada da conta dos servidores da Prefeitura para o Santander. --- Antonio Ruy Neto melhorou a eficiência da Guarda Civil Municipal no combate ao crime e no setor do Trânsito existe um equívoco que ele precisa consertar: acabar com a proibição do estacionamento em frente à Biblioteca Municipal das pessoas que vão retirar ou entregar seus livros e dos acadêmicos que não têm liberdade de utilizar o espaço em frente de sua própria “casa”.

De maneira geral, o nível do secretariado de Laerte, de maneira geral, ainda não provou sua eficiência, mas ele tem tempo para agir e exigir mais deles. Um problema sério que ele está tendo é a falta de um secretário de Governo experiente e eficiente, cargo ocupado precariamente pelo vice Edemilson. Se não existir essa pessoa na cidade, nada o impede a recorrer a municípios vizinhos, pois não vai adiantar nada colocar no cargo alguém sem capacidade apenas para poder dizer que sua preferência é pelos saltenses.

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