OPINIÕES
ÁGUA; O QUE FIZERAM EX-PREFEITOS
Na edição passada apresentamos um levantamento sobre o que foi realizado nas últimas administrações pelos que ocuparam o comando do Executivo nos últimos 25 anos. Tomamos essa iniciativa, tendo em vista que nas últimas sessões de 2021 eles foram criticados pelos vereadores porque teriam sido um dos responsáveis pela situação difícil que a cidade passa, no que se refere ao abastecimento d’água. A publicação não teve o objetivo de defender os ex-prefeitos, mas mostrar o que cada um deles realizou, cabendo não só aos vereadores, mas à própria população julgar se fizeram o suficiente para que Salto não passasse por momentos tão difíceis como este pelo qual está passando.
Em nossa opinião tomaram atitudes importantes, mas poderiam ter feito mais, se houvesse por parte de suas administrações um planejamento a longo prazo, pois deveriam prever que um dia iria ocorrer uma estiagem incomum, como a que ocorreu no final do ano passado e a cidade deveria estar preparada para enfrentá-la. No levantamento que fizemos, a partir de 1997 (governo João Conti), constatamos que pelo menos duas ações devem ser ressaltadas como importantes para enfrentar o problema da falta d’água.
A primeira delas foi exatamente na administração de Conti, que implantou a adutora do Buru, que era um curso d’água sem relevância e que se transformou numa alternativa importante, fato que ocorre até hoje. Já imaginaram se não tivéssemos as águas do córrego ou ribeirão Buru para reforçar o abastecimento apenas do Piraí, já que a água que vinha da Fazenda Conceição foi descartada nos últimos tempos?
A outra medida positiva aconteceu no governo de Juvenil Cirelli (2013-2016): o desassoreamento que se verificou na barragem do Piraí e que aumentou a capacidade de reservamento em 4 vezes. Antes disso a água se perdia em direção ao Rio Tietê e, com o aumento do reservatório natural, uma maior quantidade dela passou a ser represada e servida à população. Em outros governos, como o de Pilzio Nunciatto Di Lelli (2001-2004) e de Geraldo Garcia (dois mandatos de 2005 a 2012 e de 2017 a 2020) foram tomadas algumas medidas que também podem ser consideradas importantes. No caso de Pilzio, ressalte-se a implantação de praticamente uma nova adutora do Piraí, com a instalação de aparelhagem moderna, maior capacidade de reservamento, etc. Na de Geraldo, destaque-se seu trabalho pioneiro em prol da Barragem do Piraí, que está se tornando realidade e as ligações da Estação de Tratamento de Água do Bela Vista até a região do Santa Cruz/Cecap e dessa ETA até a região do Salto de São José. A cidade toda foi cortada para a implantação de uma nova tubulação, o que proporcionou benefícios a uma grande região da cidade.
Faltou fazer muita coisa? Faltou, mas não foi tão ruim como sustentam vários vereadores, pois os ex-prefeitos não ficaram completamente alheios ao problema. Espera-se que na atual administração e nas futuras, os que assumirem o Executivo local tenham em mente que não podem facilitar no que se refere ao abastecimento d’água. O atual, Laerte Sonsin Jr. já revelou planos importantes, como a implantação de uma nova adutora no Piraí, mas deve também seguir em frente com a iniciativa de Geraldo Garcia para o aproveitamento futuro das águas do Rio Jundiaí, que têm melhorado nos últimos tempos. Se medidas importantes como essas não forem adotadas, a situação pode se complicar ainda mais no futuro.
CÁ ENTRE NÓS
LOTEAMENTOS E CONDOMÍNIOS
No levantamento que fizemos sobre o abastecimento de água não focalizamos uma coisa muito importante, que tem merecido também críticas por parte dos vereadores e as quais têm fundamento. É sobre a aprovação de loteamentos e da implantação de condomínios em grande número de edifícios construídos na cidade. Evidentemente, o surgimento desses loteamentos e condomínios acarreta um consumo bem maior de água, pois as ligações têm que ser feitas. Os responsáveis por esses investimentos argumentam que constroem reservatórios, mas isso apenas não resolve, pois esses reservatórios devem receber o líquido constantemente, com a utilização por parte dos moradores e condôminos e a água a ser disponibilizada aumenta. A solução seria impedir novos loteamentos e condomínios? Entendemos que não, pois isso impediria o progresso da cidade, além de não permitir que muitos saltenses adquiram um local próprio para viver. No entanto, devem ser tomadas medidas em paralelo para aumentar o número ou a capacidade dos mananciais, além de se buscar alternativas como o aproveitamento das águas do Jundiaí.
INGUINORANZA
A publicação do levantamento que fizemos sobre o que realizaram os últimos 4 prefeitos de Salto de 1997 a 2021 criou uma situação absurda: um desses ex-prefeitos, João Guido Conti, utilizou um programa noticioso da da Rádio Amiga para criticar este colunista e o Taperá, que em sua opinião não reconheceram o trabalho que ele executou como prefeito na questão da água. Coincidentemente, estávamos ouvindo o programa, apresentado aos sábados pela manhã, e rebatemos essas afirmações disparatadas e aberrantes de quem deveria mostrar-se agradecido por destacarmos as medidas por ele tomadas. Inclusive elegemos uma delas dentre as duas principais tomadas nos últimos 25 anos, mas Conti não se convenceu, pois acha que este jornal foi o responsável por sua derrocada política e não perde chance para nos criticar. Como dizia um certo personagem hilário: “É a inguinoranza que atravanca o progresso deste país”.
Laerte x Geraldo
Demorou, mas parece que finalmente se iniciou o debate entre o ex-prefeito Geraldo Garcia e o atual Laerte Sonsin Jr. Este teria dito numa entrevista à imprensa, que assumiu com 28 milhões de dívida, mas Geraldo, quando deixou o governo, declarou que deixou a Prefeitura com 40 milhões em caixa, por isso se manifestou em nota a este jornal, na semana passada. Laerte está retrucando nesta, afirmando que não disse que assumiu com uma dívida de 28 milhões, mas que os números apresentavam um “déficit orçamentário” de 28 milhões. Questão de semântica ou de realidades distintas? Geraldo voltou a se manifestar depois de um ano silencioso, levado, provavelmente, pelo fato de ter sido inocentado no caso da contratação de um escritório de advocacia, podendo lhe permitir voltar a ser candidato... se não tiver outros problemas com a Justiça. Já Laerte, na manifestação que estamos publicando nesta edição, diz que respeita o ex-prefeito, mas que não vai deixar de responder às críticas por ele feitas. Desde que ambos respeitem os limites, esse debate pode servir para mostrar muita coisa certa ou errada e é isso que o povo quer saber.
DRAGA E GERADOR
Tanto a compra de uma draga pela Prefeitura como o possível investimento do SAAE num gerador são medidas importantes, tomadas para o abastecimento de água na cidade. A draga vai permitir que seja feita o desassoreamento constante das barragens do Piraí e Buru e o gerador vai impedir os prejuízos causados pelos constantes cortes de energia na região do Piraí, que prejudicam o abastecimento. No caso do gerador deve-se louvar a Câmara, que devolveu mais de 1 milhão de reais à Prefeitura no final do ano, dinheiro que solicitou seja utilizado na compra desse aparelho.
BOCA-DE-SIRI
Nossos esgrimistas
Como o ex-prefeito Geraldo Garcia ficou hibernando em 2021, só agora ele surge num debate que está travando com o atual chefe do Executivo, Laerte Sonsin Jr. Por enquanto eles estão apenas se digladiando num esporte sem efeitos danosos às suas condições físicas e à saúde, o esgrima. Mas, se a coisa esquentar nos próximos meses, eles poderão utilizar outras armas que não são admitidas nos esportes olímpicos e daí, sai de perto!
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