OPINIÕES
Salto, uma das 62 mais atingidas pela Covid
A dúvida é se ainda estamos na primeira onda ou se já estamos entrando na segunda. A verdade é que o número de mortes e de casos aumentou consideravelmente no país e Salto não fugiu à regra. Aliás, nossa cidade foi “brindada” com o apontamento de ser uma das 62 do Estado que apresentam maior gravidade no que se refere à incidência da doença, para o que contribuiu o crescimento das internações, inclusive na UTI. O mais interessante é que há apenas duas ou três semanas a situação em nossa cidade era tranquila, com a quantidade de óbitos e de novos casos diminuindo bastante.
O que motivou essa rápida e preocupante mudança de situação? Sem sombra de dúvida o desleixo e a despreocupação com o vírus, pois a impressão que se tinha é que ele já não atacava as pessoas como antes. Voltaram as aglomerações nas praças do centro e dos bairros, as ruas voltaram a ficar lotadas por transeuntes, as festinhas voltaram a acontecer, nem todos continuaram usando máscaras, enfim muita gente achou que os tempos anteriores à pandemia tinham voltado.
As pessoas responsáveis continuaram se precavendo, mas um número cada vez maior de desrespeitadores das medidas preventivas foi aumentando em ritmo veloz. A autoridade maior do país, que deveria dar exemplo, continuou a cantilena adotada desde que a doença foi anunciada, no início do ano, quando chamou a covid-19 de “gripezinha”. Ele próprio foi vítima da doença e 14 ou 15 ministros também, assim como dezenas de auxiliares, que conviveram com o grupo dos “sem máscara”, porque o ambiente infeccioso no Governo Federal propiciou o alastramento. Mesmo agora, quando os números voltaram a ser preocupantes, Bolsonaro continua seu papel de sarrista, inclusive chamando de “maricas” todos nós que seguimos as orientações de quem entende do assunto, os infectologistas e outras autoridades da saúde pública. O capitão, que se julga um machão, além das besteiras que repete quando abre sua bocarra para discordar de quem tem credenciais para falar, age abertamente contra medidas visando salvar vidas, inclusive utilizando o ministro da Saúde, que tem patente no Exército maior que a sua, mas se submete aos caprichos do chefe, até mesmo dizendo que precisa obedecer quem manda, mesmo que isso contrarie o bom senso. Registre-se também a interferência da política no que se refere à vacina do Butantan, porque ela é originária da China e porque ele considera “vacina do Dória”. Vibrou quando um homem que tomava a vacina chinesa morreu, achando que ela não fez efeito, mas teve que se expor mais uma vez ao ridículo quando se soube que o homem havia se suicidado, sem interferência nenhuma nas doses que tomou.
Dando exemplos de ignorância, teimosia e irresponsabilidade, o presidente incentiva a rejeição às medidas restritivas e isso se reflete no comportamento de muitas pessoas, fanáticas por ele, que também acham besteira o distanciamento, o uso de máscara e álcool gel. São essas pessoas que disseminam a doença na cidade e no país e que são vítimas, elas próprias, das asneiras que Bolsonaro apregoa. Fiquemos longe dessa gente, para não sermos contaminados também!
CÁ ENTRE NÓS
Fase Amarela
A volta à fase Amarela em todo o Estado foi inevitável, pois voltaram a crescer os óbitos e novos casos de covid-19. Felizmente não houve o fechamento do comércio, bares e restaurantes, como aconteceu no início da pandemia, mas algum reflexo negativo a medida deve provocar no movimento que tinha melhorado bastante nos últimos meses. O jeito é ter paciência e torcer para que essa regressão não dure muito, mesmo porque existem boas perspectivas de que dentro de um ou dois meses as vacinas contra o coronavírus venham a ser aplicadas em boa parte da população. As notícias divulgadas nos últimos dias têm sido promissoras, inclusive com a vacinação sendo adotada no Reino Unido, o que serve para trazer esperança e dias melhores para a população mundial, que desde fevereiro deste ano tem sofrido restrições e sido vítima de uma doença que já matou mais de 1 milhão e 400 mil pessoas no mundo e mais de 170 mil no Brasil.
Mais empregos
Pode ser uma “nuvem passageira”, como diz a música, mas pelo menos numa vez neste ano podemos dizer que batemos Itu e Indaiatuba na criação de novos empregos, nos primeiros 10 meses. Será inevitável a situação se modificar nos próximos meses, mas tivemos o gostinho de saborear a notícia para melhorar um pouco o clima de pessimismo que tem atingido os saltenses nos últimos tempos. Contribuíram para a criação dos novos empregos as contratações feitas no comércio e na construção civil, principalmente. O comércio, como se sabe, teve que demitir muita gente no período mais crítico da pandemia, mas voltou a contratar com a proximidade do Natal e Ano Novo, quando as vendas aumentam e também para regularizar o quadro de funcionários com a recuperação que se verifica na economia. As contratações na construção civil, por sua vez, são reflexo das obras que voltaram a ser ativadas no setor, que se recupera de um período difícil pela qual os empresários passaram.
Pedágios
Demorou, mas felizmente os saltenses e pessoas de outros municípios irão deixar de pagar R$ 13,80 no pedágio entre Salto e Campinas: a partir deste mês passam a pagar R$ 14,00 (bela vantagem, não?). É mais um aumento dos muitos que estamos sendo obrigados a aceitar quando transitamos por esse trecho, por imposição do Governo do Estado, que alega obedecer o contrato firmado com a empresa que realiza a manutenção e fatura com a renda auferida. Uma eventual mudança só ocorreria se passassem a funcionar para os saltenses o sistema ponto a ponto que foram instalados ao longo da rodovia SP-75, mas que não estão podendo ser usados por quem reside em Salto. E, se pudessem, seria prejudicial a muitos saltenses, pois teriam que pagar quando transitassem pela estrada dentro do nosso próprio município. Antes que um estudo corrija essa irregularidade, temos que continuar lutando para reduzir o preço do pedágio nas viagens Salto-Campinas, igualando-o ao que é cobrado quando percorremos a mesma quilometragem no trecho Salto-Sorocaba. O novo prefeito, Laerte Sonsin Jr. poderia incluir a medida dentre as que irá tomar no seu governo a iniciar-se em janeiro, pois hoje muitos saltenses estão sendo prejudicados com a cobrança exagerada.
Transição
Como não poderia deixar de ser, está sendo tranquila a transição de governo municipal, envolvendo o atual chefe do Executivo e seus secretários e o prefeito eleito e sua equipe. A campanha política já foi muito tranquila entre os candidatos, com respeito mútuo, verificando-se apenas os excessos praticados pelos que usam as redes sociais para descarregar sua bílis. É importante que os integrantes da nova administração conheçam todos os detalhes, toda a situação que irão encontrar, pois isso não apenas os beneficiará, mas a todos os cidadãos saltenses.
BOCA-DE-SIRI
Vermelha ou amarela?
Já imaginaram se um dia não escurecesse à noite ou não clareasse pela manhã? A gente perderia a noção do tempo e se instalaria o caos. Pois os comerciantes estão passando por momentos parecidos como esse: primeiro fecharam quase tudo, depois autorizaram uma pequena abertura dos seus comércios, a seguir mandaram abrir tudo e agora voltam a autorizar funcionar só algumas horas. Desse jeito vai chegar o dia em que ficarão só numa fase, a vermelha: de raiva (se é que já não estão nela).
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