OPINIÕES
- Valter Lenzi
- 8 de jan. de 2021
- 5 min de leitura
O que esperar de 2021
2020 é um ano pra esquecer. Ninguém imaginava que ele seria tão ruim, tão problemático, tão arrasador quando, no final de 2019, todos desejavam Feliz Ano Novo a seus familiares e amigos. Quem sobreviveu ao coronavírus se sente beneficiado por Deus, pois o risco que todos nós corremos foi frequente: os que não foram atingidos devem agradecer por não terem contraído a Covid-19 e os que não tiveram a mesma sorte, darem graças por terem superado a doença, depois de infectados, sobrevivendo a ela.
Muitas dúvidas cercam nosso futuro. Não se sabe o que 2021 poderá nos oferecer, mas as projeções indicam que pelo menos no primeiro semestre as modificações não devem ser muitas. As vacinas surgem como última esperança para a redução dos casos e principalmente das mortes, mas infelizmente ela está sendo politizada, com os responsáveis pela sua aplicação demorando para tomar as decisões. É o caso do presidente da República, que não programou sequer a compra das seringas e outros insumos com a devida antecedência e toma atitudes dúbias com relação à compra das vacinas. Ele disse que pra ele todas elas iguais, mas ninguém é tolo para não imaginar que a do Instituto Butantam não é de sua preferência, pois ele já a chamou de “vacina do Doria”. O ministro da Saúde tem feito o papel de tolo, a cada dia anunciando uma data para o início da aplicação. Ele já prometeu para março, fevereiro, janeiro e regrediu até este mês de dezembro, deixando todo mundo em dúvida: afinal quando ela vai começar? Certamente não o será neste ano.
No caso específico de Salto, a administração municipal tomou as medidas que lhe cabia, no caso de melhorar as condições do Hospital Monte Serrat, com a reforma da UTI e conquista de 10 respiradores e a própria casa de saúde municipal, assim como a Unimed, procuraram atender da melhor forma os necessitados dos seus cuidados médicos. Infelizmente as coisas pioraram nos últimos 30 ou 40 dias, ocorrendo um número de casos muito maior do que vinha sendo constatado anteriormente. As eleições de 15 de novembro e as aglomerações em festinhas, baladas, etc., em alguns pontos da cidade, contribuíram para isso. Tanto o governo municipal (leia-se Vigilância Sanitária) como a Polícia Militar e a Guarda Civil Municipal não agiram com a eficiência que se esperava, talvez pela falta de pessoal, e por isso os abusos foram frequentes e contínuos, sem que os participantes sem máscara e fazendo aglomerações fossem perturbados.
Apesar das medidas restritivas, com a volta para a fase Vermelha neste final de ano, a situação pode até piorar no início de janeiro, quando o coronavírus estiver fazendo efeito. Torçamos que pelo menos os óbitos não atinjam números elevados e que as pessoas se conscientizem que depende delas o aumento da quantidade de casos e de mortes.
CÁ ENTRE NÓS
Dificuldades de Laerte
Não esperem um grande número de medidas positivas por parte do novo prefeito Laerte Sonsin, nos primeiros meses de governo a se iniciarem amanhã, dia 1º de janeiro de 2021. Os problemas que se tornaram frequentes nos últimos 4 anos devem continuar no início do próximo. Vai haver falhas no atendimento em alguns casos na área da Saúde; vai faltar água em alguns pontos da cidade e nenhum mágico vai conseguir eliminar o desemprego que se verifica em Salto e que atinge números preocupantes. Algumas medidas mais simples, que os secretários de Geraldo Garcia não conseguiram aplicar, certamente serão tomadas e isso já será alguma coisa. Com o tempo o novo chefe do Executivo vai se adequar ao cargo e poderá colocar em prática os planos que tem para administrar. Enquanto isso, o povo deve ter a paciência necessária, aguardando as providências que aos poucos devem ser adotadas.
Secretários também
Não apenas o prefeito Laerte vai ter algum tempo para se adequar e passar a atuar efetivamente. Seus secretários terão dificuldades ainda maiores, pois eles representam o Executivo, mas são os executores das medidas. Nota-se que a maioria dos 15 não possui a experiência necessária para chegar e começar a agir da forma que deles se espera. O novo superintendente do SAAE, por exemplo, que ocupa um cargo do qual se exige uma atuação pronta e efetiva, deve demorar algum tempo para tomar conhecimento da forma como deve agir. Os novos ocupantes de cargos como o de Finanças, Meio Ambiente, Defesa Social e Obras terão maiores dificuldades para superar os obstáculos que certamente surgirão por estarem numa situação que ainda não vivenciaram. Outros devem ter menores problemas para se adaptar, como o de Administração, Cultura, Turismo e Negócios Jurídicos, pois já ocuparam cargos importantes na administração e sabem como funciona. Uma terceira faixa integrada por secretários que devem ter menores dificuldades para exercer a função, é formada pelos que comandarão as faixas da Ação Social e Cidadania, Saúde, Esporte e Desenvolvimento Urbano, pois exerceram atividades correlatas em seus setores. Mas o tempo e a vontade de acertar podem acelerar a adaptação, fazendo com que cumpram a missão que lhes foi confiada.
Missão cumprida
Ao contrário do que aconteceu em outras ocasiões, o prefeito Geraldo Garcia colocou à disposição do seu sucessor e dos seus secretários todas as informações necessárias para que eles prossigam o trabalho que foi executado nos últimos 4 anos. Em nossa opinião, Geraldo foi um bom prefeito nesta administração que termina, pois realizou obras importantes e resolveu muitos problemas que a cidade possuía. Evidentemente não foram todos. A Saúde ainda apresenta falhas, justificando-se as reclamações que são feitas pelos munícipes. O problema da falta d’água não foi resolvido, pois, apesar das muitas medidas tomadas, existem pontos da cidade que ainda sofrem em virtude da falta de pressão, tubulação antiga, etc. E o número de empregos criados não foi suficiente para resolver esse problema que atinge todo o país. Mas, numa comparação, os pontos positivos são mais expressivos que os negativos, por isso, em nossa opinião, Geraldo cumpriu satisfatoriamente sua missão e certamente vai continuar na política, talvez vislumbrando voos maiores.
Situação financeira
Uma coisa que demoramos para entender é a atual situação financeira de Salto, que é muito boa, apesar da pandemia que castigou a cidade desde fevereiro. Enquanto outros municípios sofrem com os déficits que enfrentam, Salto está numa situação privilegiada, com muitos milhões em caixa, que serão transferidos para o novo prefeito. Inclusive até mesmo o dinheiro para o pagamento de duas folhas dos servidores (cerca de 10 milhões de reais cada) foi reservada por Geraldo para a próxima administração, além de uma sobra para ser aplicada nas primeiras despesas. Isso demonstra que houve cuidado e bom ordenamento das finanças nos últimos 4 anos, tendo contribuído para isso as muitas parcerias feitas, que representaram obras importantes, proporcionando economia para os gastos do município.
BOCA-DE-SIRI
Nascendo no ano novo
Aquela surrada musiquinha que diz: “Feliz ano novo, que tudo se realize, no ano que vai nascer, muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender”, certamente vai ser novamente muito cantada neste final de ano. Dinheiro no bolso é bom, mas saúde pra dar e vender é bem melhor, principalmente porque vai depender muito de um pequeno objeto que surge no horizonte, fazendo-nos esperar por dias melhores: a vacina. Ela está nascendo como nasce o dia, esperando-se que não desapareça ao entardecer.
Commentaires