QUEM FOI QUEM
Noboru Kiyota, imigrante que trocou a agricultura pelo transporte rodoviário
Numa entrevista concedida ao Jornal de Quarta, em junho de 1996, o japonês Noboru Kiyota (na época um dos mais antigos imigrantes do Japão) fez um relato de sua vida no Brasil e especialmente em Salto, onde sua família se radicou. Ele era um amante do beisebol, esporte muito difundido no Japão, tendo praticado e também dirigido equipes, formadas principalmente por jovens. Tinha 87 anos na época, pois nasceu no Japão em 1909. Sua família veio para o Brasil quando ele tinha 18 anos de idade (1927), fixando-se inicialmente em Lins, interior de São Paulo, onde permaneceu por 30 anos. Veio para Salto em 1957 para trabalhar na lavoura, mas logo sentiu dificuldades para se adaptar.
Ele relatou que aprendeu a falar o português nos contatos que mantinha com os lavradores brasileiros. Em Lins, Noboru trabalhava num sítio com 50 alqueires, onde plantava café e algodão. Saiu da cidade porque brigou com o prefeito, pois ele não atendia os pedidos da colônia japonesa, que queria a construção de um campo de beisebol para os imigrantes jogarem. Após 6 anos em Salto, adquiriu um sítio, casou-se com uma brasileira e logo se adaptou à vida do país, criando aqui seus filhos.
Quando os filhos eram menores, não gostavam de morar no sítio, por isso Nobori adquiriu uma casa na cidade e mudou de ramo: deixou a agricultura para se iniciar no setor de transporte rodoviário, em 1974, com caminhões. Trabalhou até os 65 anos de idade, após o que transferiu a empresa para seus filhos, que já atuavam nela. Eram 13 no total, alguns preferiram militar na lavoura, outro a medicina, um era militar e havia ainda os que estavam estudando na época em que Noboru concedeu a entrevista.
O imigrante teve uma boa convivência com seus patrícios que residiam em Salto e região, os quais se uniam principalmente nas disputas do beisebol, num campo que existia na cidade. Ele, que praticara o esporte no Japão e no Brasil, destacando-se em muitas competições, nas quais conseguiu mais de 50 troféus, formou equipes de jovens, que disputavam torneios em diversas cidades.
O japonês praticou também outros esportes quando morava no Japão, como o judô e o ken-do. O judô passou a ser praticado por seus filhos, principalmente por um deles, Takehissa Kiyota, que conquistou diversos títulos em nosso país, inclusive representando a cidade e até sendo convidado para atuar no Japão. Takehissa foi ainda um dos grandes incentivadores do sumô em Salto, orientando muitos jovens para esse esporte que também é popular no Japão.
Homenagem – Nos 80 anos da imigração japonesa ao Brasil, em junho de 1988, a Câmara de Salto homenageou os japoneses mais antigos da cidade e Noboru Kiyota foi um deles, juntamente com Sadame Okumura. Eles receberam placas, num evento realizado no Teatro Verdi, ao qual compareceram representantes da colônia japonesa na cidade e familiares dos homenageados.
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