QUEM FOI QUEM
Sabino Bassetti foi respeitado pesquisador da história do cangaço, que registrou em livros
Um dos mais profundos conhecedores da história do cangaço no Brasil foi Sabino Bassetti, que nasceu em Piracicaba em 14 de abril de 1941, mas que viveu a maior parte de sua vida em Salto, para onde seus pais se mudaram em 1951, quando ele tinha 10 anos de idade. Também residiu em São Paulo, durante 3 anos, na década de 1970. Seu interesse pelo cangaço foi despertado quando ele contava com apenas 8 anos de idade e residia em Piracicaba. Seu pai era administrador de uma fazenda e Sabino costumava conversar com os empregados, um dos quais, de nome Joaquim, lhe contava histórias sobre os cangaceiros, tendo revelado um dia que fazia parte de um desses grupos, que aterrorizava moradores de muitas cidades do nordeste.
Pretendendo conhecer outras histórias sobre o assunto, inscreveu-se na Biblioteca Pública de Piracicaba, onde havia livros sobre o bando de Lampião, que ele passou a ler, além de adquirir vários livros sobre o tema. O primeiro livro que leu foi “Lampião”, de Ranulfo Prata, que aguçou seu interesse para o tema. Nos anos seguintes continuou pesquisando, tendo adquirido um grande número de livros sobre o cangaço (cerca de 70), chegando a dizer, numa entrevista ao jornal Taperá, que possuía 95 por cento dos livros lançados sobre o assunto. Ele considerava o melhor de todos “Serrote Preto”, de Rodrigues de Carvalho, que conta a história de Lampião, seu amigo, quando o cangaceiro ainda trabalhava em Pernambuco como tropeiro, transportando mercadorias no lombo de burros.
Em sua vida Sabino conheceu outros cangaceiros, como Criança, Candeeiro, Mineirinho, Zé Sereno (que foi subchefe do grupo) e familiares de Lampião, dentre eles uma neta de Lampião, que inclusive veio visitá-lo em Salto, em novembro de 1996. Ele também manteve contatos com diversos historiadores, do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e São Paulo, tornando-se conhecido em todo o país, a ponto de ser sempre convidado para realizar palestras no nordeste sobre o cangaço e Lampião, com todas as despesas pagas (viagem e estadia). Sabino considerava que o cangaço é um problema sociológico que ainda existe e discorria sobre o assunto por longo tempo, demonstrando todo o conhecimento que possuía.
Sabino cursou o 1º grau completo, parte em Piracicaba e parte em Salto. Estudou também no Senai de Itu quando residia em Salto, onde fez o curso de desenho mecânico. Em 1996 passou a pensar em colocar seus conhecimentos sobre o cangaço em livro, mas só em 2011 lançou sua primeira obra, em parceria com Carlos Cesar M. Megale: “Lampião, sua morte passada a limpo”, na qual revela, com riqueza de detalhes, a trama e os acontecimentos na última semana em vida de Lampião, que culminaram com sua morte e de parte do bando. O segundo livro foi “Lampião, o cangaço e os seus segredos”, também em parceria com Carlos César, obra em que mostra, além de como era a vida no cangaço, o comportamento daqueles que participavam, tanto do lado dos bandidos como das volantes e coiteiros. Não houve tempo para Sabino lançar um terceiro livro, em virtude de ser acometido da doença que causou a sua morte.
Academias – Sabino fazia parte de suas academias: a Brasileira de Letras e Artes do Cangaço, da qual era inclusive um dos 26 membros fundadores, tendo como patrono Euclides da Cunha, e também da Academia Saltense de Letras, cadeira número 23.
Família – Ele era casado com Aparecida, com quem teve três filhos: Luiz Carlos, Denise e Janaína.
Faleceu em 12 de dezembro de 2020.
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