QUEM FOI QUEM
Salvador Silveira, o “Índio Saltense”, divulgou a cidade em programas de luta-livre na TV
Numa época em que as emissoras de televisão tinham uma audiência muito maior do que hoje, antes que a internet passasse a ser uma alternativa preferida dos que desejam informações e lazer, Salto era divulgada na mídia televisiva, de uma forma direta, por Salvador Silveira, conhecido como “Índio Saltense”. Isso ocorria nos programas de luta-livre, que muita gente assistia, dos quais Salvador Silveira (seu nome de batismo) participava como lutador, o que aconteceu a partir de 1967, quando tinha saído de Salto para viver em São Paulo. Lá foi aconselhado a procurar um instrutor de luta-livre, de apelido “Pantera”, que o orientou na modalidade de luta da qual participou durante grande parte de sua vida. Inicialmente atuou como lutador amador, antes de ser convidado para atuar na TV.
Salvador nasceu em Salto em 1926, onde viveu durante 40 anos. Não tinha profissão fixa, vivia de “bicos” e mantinha muitos amigos, inclusive nos meios políticos e sociais, com os quais se relacionava. Teve algumas breves experiências em empresas da cidade, mas não se fixava durante longo tempo. A luta-livre foi uma boa forma de se manter financeiramente, podendo-se dizer que ele brilhou na profissão que escolheu, inicialmente como lutador, depois como juiz das lutas apresentadas na televisão. Nestas últimas causava polêmica, pois sempre beneficiava o lutador que utilizava meios ilícitos para vencer. Era uma conduta condenável, mas que a produção dos programadas adotava deliberadamente para deixar os telespectadores irritados com a figura do “juiz ladrão”.
Desafio - Ele já tinha uma certa experiência na luta-livre, quando enfrentou uma famosa lutadora em 4 lutas, em Salto, antes de se mudar para São Paulo. Venceu 3 e perdeu 1 no enfrentamento de Olga Zumbano, conhecida lutadora, integrante de uma família ligada ao box, que inclusive revelou o campeão Eder Jofre. No início da década de 1960 instalou-se na cidade o Circo do Nhô Pai, que tinha como uma das atrações as lutas de Olga e de outros lutadores. A direção do circo desafiou um homem da cidade para que lutasse com ela e, se ganhasse, teria direito a uma boa gratificação. “Índio” aceitou o desafio, enfrentou a lutadora, vencendo-a na primeira disputa. Como o circo ficou lotado nessa primeira luta, outras 3 aconteceram, atraindo muita gente, até que elas cansaram o público. Mas “Índio” faturou alguns milhares de cruzeiros e se tornou uma pessoa ainda mais conhecida na cidade.
Na televisão - Nas lutas em que participou em São Paulo, a partir de 1967, quando elas passaram a acontecer nos canais de televisão (TV Paulista – atual Globo, Record, Bandeirantes e outras), Salvador passou a acrescentar o “Saltense” ao nome “Índio”, como era conhecido desde criança. Logo ele se tornou famoso, tendo contribuído para isso uma vitória que obteve sobre Ted Boy Marino, o mais famoso lutador da época, o que lhe valeu o ganho de um carro zero, o maior prêmio obtido em sua carreira. Em 1975, com problemas no joelho, parou de lutar e se tornou juiz de luta-livre, participando de lutas não só no país, mas também em países da América Latina e até da Europa, sempre sendo chamado de “Índio Saltense”.
Ele se apresentou em Salto várias vezes, trazendo os lutadores para se apresentar no Ginásio Municipal de Esportes, em eventos que beneficiavam as entidades locais, para as quais a renda era destinada. Despediu-se dos tablados de luta-livre em Salto, numa apresentação que aconteceu no Ginásio Municipal de Esportes, no dia 13 de agosto de 1997. Numa entrevista que concedeu ao Taperá, publicada naquele dia, afirmou que pretendia voltar a residir em Salto, mas acabou não cumprindo sua promessa.
Outras atividades – Depois que as lutas-livres deixaram de ser programas atraentes na TV e fora dela, ele passou a atuar no setor de relações públicas, realizando shows em diversas cidades, com Geraldo Meireles, cantores do programa Silvio Santos e outros. Também foi sócio de um escritório de contabilidade e participou de três ou quatro filmes de Tony Vieira, dentre eles “Amante de um canalha” e “Correção de um corrupto”.
Salvador Silveira, o “Índio Saltense”, faleceu em São Paulo em 4 de novembro de 2004.
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