QUEM FOI QUEM
Henrique Dotta foi destaque como músico, como pintor e caricaturista
Em sua coluna “Arquivo”, de 20 de junho de 1998, o historiador Ettore Liberalesso fez justiça a um artista saltense que nunca foi devidamente reconhecido, embora em seus 58 anos de vida tivesse se destacado na música e como artista plástico. Trata-se de Henrique Dotta, nascido em Salto aos 21 de dezembro de 1900, filho de João Dotta e Josefina Guillardi Dotta, casal formado por imigrantes italianos, chegados em Salto no final do século XX.
Depois de ter frequentado uma escola isolada, completou o curso primário no Grupo Escolar (atual Escola) Tancredo do Amaral, logo no começo do funcionamento desse estabelecimento de ensino, ao mesmo tempo em que frequentava uma das escolas italianas existentes em Salto e mantidas pela colônia. Ela era dirigida inicialmente por Vicente Donalísio e depois por Francisco Salerno. Nessa escola ele aprendeu uma bela caligrafia, tendo ainda despertado seus dotes artísticos e o gosto pela música.
Começou a se destacar na música logo aos 17 anos de idade, quando era um dos “requintes” (instrumento musical, no caso dele uma espécie de flauta) da Corporazione Italiana Giuseppe Verdi (atual Gomes-Verdi), quando essa banda era dirigida por Ernani de Fabris. Ele tocou na Corporazione por mais de 30 anos, com vários maestros, sobressaindo-se na época de Innocêncio Pradelli, quando chegou a dirigir, como contramestre, parte da banda, que nessa época contava com mais de 80 músicos.
No Exército - Henrique serviu o Exército Brasileiro nos anos de 1920 e 1921, no 4º RAM (Regimento de Artilharia Montada), atual Quartel de Itu, tendo ainda sido convocado para servir novamente por ocasião das revoluções de 1924 e 1932. No período entre esses dois anos, trabalhou na Fábrica de Papel, na qual teve a oportunidade de demonstrar seus pendores artísticos, escrevendo vistosos letreiros em fardos e caixas dos produtos, inclusive exportados para o exterior. Transferiu-se para a fábrica de tecidos do mesmo grupo, mas sofreu os efeitos da greve de 1925, perdendo o emprego. O padre Arthur Leite de Souza o contratou, então, para pintar a Casa Paroquial, que se situava na esquina da Praça da Bandeira (atual 16 de Junho) com a Rua Monsenhor Couto. Terminado o serviço, continuou executando pinturas na cidade, o que o levou a ser convidado pelos pintores Flávio Pretti e José Roncoletta a trabalharem com eles, mas preferiu continuar em Salto.
Brasão – O prefeito nomeado, Major José Garrido, o convidou para criar o brasão de Salto, que foi utilizado durante cerca de 60 anos. Na década de 1930 ele passou a fazer pinturas de cenários de peças teatrais e caricaturas de pessoas da cidade e mundialmente famosas. Por ocasião das festas na matriz, fazia desenhos e caricaturas que eram vendidas, revertendo a renda auferida para a matriz de Monte Serrat, Realizou também pinturas no interior da matriz, como a da nave principal e das colunas que imitavam mármore.
Família – Henrique casou-se em 28 de outubro de 1926 com Deunira Cremonezzi, com quem teve 4 filhas: Wanda, Selma, Ione e Elza, as quais herdaram as qualidades artísticas do pai.
Faleceu em 21 de novembro de 1958, vítima de pertinaz doença, que o manteve afastado do trabalho por vários anos.
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