QUEM FOI QUEM
Antonio B. Spoladori passou por várias paróquias e foi o 1º saltense monsenhor
Todos o conheciam por “Padre Toninho”, era saltense e fazia parte de uma família tradicional, mas simples, de Salto, que se esforçou para que ele seguisse sua vocação, que foi despertada quando contava ainda 4 anos de idade, como relatou numa entrevista concedida ao “Jornal de Quarta” do Taperá, em maio de 1997. Ele disse que revelou essa vontade a sua avó e o desejo acabou se tornando realidade. Antonio Benedito Spoladori, seu nome completo, estudou nos estabelecimentos de ensino da cidade, mas antes de ser ordenado padre, em 29 de junho de 1976, permaneceu 14 anos em dois seminários, 4 deles no Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo.
Passou por várias paróquias, começando pela de Itupeva, logo depois de ser ordenado, a seguir na igreja de São Sebastião, em Louveira, vindo para Itu na igreja Nossa Senhora da Candelária e no Mosteiro Concepcionista Nossa Senhora das Mercês. Perguntado na mesma entrevista se tinha pretensões de atuar na Paróquia de Nossa Senhora do Monte Serrat, respondeu que essa ideia nunca lhe passou pela cabeça, mesmo depois do afastamento do monsenhor Mário Negro. Em todas as paróquias tinha atuação intensa, participando das campanhas, organizando eventos, etc., como aconteceu quando esteve na paróquia de Itu, onde promovia a Missa das Crianças, o Encontro de Jovens, Campanha da Fraternidade, além de muitos casamentos e batizados. Em Louveira também se destacou em muitas promoções, dentre elas a “Paixão de Cristo”, encenação que contava com a participação de cerca de 500 personagens.
Padre Toninho nunca se desligou completamente de Salto, pois visitava sempre a paróquia e inclusive participava de movimentos, principalmente os de jovens, dando apoio, por exemplo, a dois grupos, o JEL e o SUNA, nos encontros de evangelização, promovendo palestras e outros acontecimentos religiosos. Também se destacava na decoração da igreja e no andor de Nossa Senhora do Monte Serrat, o que fazia também em outras paróquias pelas quais passou com as imagens delas.
“Santa que chora” - Quando atuou em Louveira, anunciou que a imagem de Nossa Senhora da Rosa Mística, que a paróquia tinha recebido da Alemanha, chorava e isso alcançou grande repercussão perante os fiéis da cidade e de todo o Estado, além da grande imprensa brasileira. Foi solicitada, na época, uma análise à USP, que teria constatado que a lágrima era composta de água comum. Padre Toninho, porém, não concordava com a divulgação dessa conclusão e dizia que em seu relatório a USP tinha assinalado que sua análise não era conclusiva; que numa primeira análise ela havia constatado que se tratava de “lágrima humana” e que a quinta e última teria sido considerada “água benta”.
Bênção da Padroeira – Para inaugurar a imagem da Padroeira de Salto, construída nas Lavras, o prefeito havia convidado o núncio apostólico, de Brasília, mas como ele não pôde comparecer e o monsenhor Mário Negro negou-se a participar do ato, o padre Toninho realizou a bênção. Ele inclusive chegou ao Monumento à Padroeira no “Papamóvel”, cedido pela Ford, sendo aplaudido pelo grande número de pessoas presentes e pelas autoridades.
Monsenhor – Padre Toninho foi promovido a monsenhor em 21 de março de 1991, em reconhecimento ao trabalho que executou nas diversas paróquias pelas quais passou. É considerado o primeiro padre nascido em Salto a ser promovido para esse cargo, que é dos mais importantes da Igreja Católica.
Assassinado – O sacerdote teve uma morte trágica, quando contava 50 anos de idade. Ele residia em Itanhaem, para onde havia se mudado, numa casa a cerca de 30 metros da praia. No dia 27 de julho de 2003 uma vizinha notou que a residência havia sido invadida por 3 jovens e por isso chamou a Polícia. Ao chegar ao local os policiais encontraram o corpo do padre no banheiro, nu, amordaçado e com as mãos amarradas, sendo a causa da morte asfixia e em virtude dos golpes que recebeu. Seu corpo foi trazido a Salto, onde foi velado na matriz de Monte Serrat, tendo sido sepultado no Cemitério da Saudade. Um grande número de pessoas acompanhou o velório e seu sepultamento, o que comprova o apreço e a admiração que os saltenses tinham por ele.
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