QUEM FOI QUEM
João de Almeida proporcionou diversão durante 60 anos com seus cinemas
Durante 60 dos seus 88 anos, João de Almeida ofereceu diversão no comando dos seus cinemas, inicialmente em Sorocaba, posteriormente e durante a maior parte de sua vida em Salto. Filho de João Jerônymo de Almeida e de Bárbara Rosa de Almeida, nasceu em Sorocaba em 21 de dezembro de 1906, tendo estudado em sua cidade natal no Colégio Santa Escolástica e Ginásio São Bento. Seu primeiro emprego foi como caixeiro, na loja de Jorge Caracante, família que comandava uma rede de cinemas na região. Com um amigo, explorou o Cine São Rafael, instalado em Sorocaba, fazendo “bico”, até ingressar como escriturário na Light and Power, poderosa empresa concessionária de energia elétrica.
Na Light galgou importantes cargos, sendo transferido para Salto em 23 de setembro de 1934, onde trabalhou até 1973, quando se aposentou, passando pela Cia. Ituana de Força e Luz e Eletropaulo (atul CPFL Piratininga). Ao se aposentar completou 49 anos ininterruptos de trabalho, a maior parte deles como gerente.
Nos cinemas – Quando trabalhava para Jorge Caracante, este alugou o Cine Verdi e convidou João de Almeida para gerenciá-lo. No entanto, com a 2ª Guerra Mundial, as atividades da Sociedade Italiana Giuseppe Verdi, a quem o prédio pertencia, foi desativada e com isso o funcionamento do cinema também foi paralisado. João passou então para um outro cinema de Caracante em Salto, o Cine São Bento, cujo prédio adquiriu, reformou-o em 1945 e alugou-o para a Sociedade Instrutiva e Recreativa Ideal, em 1958.
Funcionava em Salto desde julho de 1939 o Cine Rui Barbosa, na rua do mesmo nome, de propriedade de Alexandre e José Silvestre, que também foi adquirido por João em 1942. Uma grande reforma foi feita pelo proprietário, surgindo um cinema como poucos do Estado de São Paulo, com uma enorme tela cinemascópica e som estereofônico, inaugurado em 29 de abril de 1956 com o filme “O Egípcio”. Em setembro de 1960, depois de uma nova reforma, o cinema passou a chamar-se Cine São José, que funcionou até outubro de 1983, quando não conseguiu superar a concorrência feroz da televisão, com suas novelas, shows, etc. O fato de uma lei ter passado a exigir que 140 dias do ano fossem destinados à exibição de filmes nacionais, que não tinham qualidade e cujo número não era expressivo, também contribuiu para o fechamento do São José e de muitos outros cinemas.
Bons tempos – O cinema em Salto viveu bons tempos a partir da década de 1940, prolongando-se até a década de 1970. Chegaram a funcionar 3 salas exibidoras na cidade: a de João de Almeida (primeiro Cine Rui Barbosa, depois Cine São José), Cine Verdi e primeiro o conhecido como “Cineminha da Igreja”, que funcionava no Salão Paroquial da matriz de Monte Serrat e depois o Cine Najá (de propriedade de Natal Buchignani e Jaciro Cruchello), num salão da Rua Dr. Barros Jr.
Quando eram exibidos filmes como “Bem Hur”, “Os 10 Mandamentos”, “As Diabólicas” e outros famosos, formavam-se filas enormes, principalmente nos finais de semana. Aos sábados eram exibidos dois filmes e aos domingos aconteciam duas sessões, às 19 e às 21h15. João de Almeida, muito pressionado, chegava a perder a paciência com certos frequentadores, principalmente jovens que iam ao cinema para fazer bagunça, inclusive durante a exibição. As coisas só melhoraram quando um dos seus filhos, Antonio Marcos de Almeida, passou a auxiliá-lo, mas ele teve que enfrentar, nos últimos anos de funcionamento do cinema, o mau comportamento de muitos que impediam os demais espectadores de assistir com a devida tranquilidade as exibições.
Com o encerramento das atividades do Cine São José o amplo prédio foi alugado para uma loja, que se mantém no local até hoje.
Família e homenagens – João de Almeida era casado desde 23 de setembro de 1934 com Marcolina Vander Velden, com quem teve 3 filhos: Antonio Marcos, Myriam Ignez e Maria Aparecida, além de vários netos.
Ainda em vida recebeu a homenagem da Câmara Municipal de Salto, que lhe entregou em 15 de maio de 1985 o título de Cidadão Saltense pelos serviços prestados ao município.
O Lions Clube de Salto, em reunião realizada no antigo Restaurante do Salto, em junho de 1969 homenageou João, entregando-lhe uma placa pela sua atuação como gerente da Light e proprietário de cinema.
Também foi homenageado pela Comissão de Nomenclatura que indicou seu nome para uma das ruas do Residencial Vila Martins, que foi aprovado pela Câmara e sancionado pelo prefeito municipal.
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