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QUEM FOI QUEM

Elisa Marques trouxe para o mundo muitos saltenses, atuando como parteira


Na década de 1930/1940 Salto contava com apenas dois ou três médicos, que eram muito requisitados, além de não contar ainda com um hospital e maternidade, o que só aconteceu na década de 1950. Por isso, as mulheres que esperavam bebês tinham que se valer das parteiras, que eram senhoras dedicadas que não tinham hora para atender e o faziam com muita solidariedade e desprendimento. Uma delas foi Elisa Marques, conhecida na cidade como Elisa Parteira, que durante cerca de 30 anos contribuiu para o nascimento de um número muito grande de saltenses. Ela nasceu em Itu, em 23 de junho de 1904, filha de Manoel Marques e Francisca da Silva e veio para Salto após ter ficado viúva, fazendo da cidade uma segunda terra natal.



Trabalhou por mais de 30 anos em Salto, dedicando-se a sua tarefa com dedicação, trazendo ao mundo os filhos de pessoas carentes e humildes, assim como de pessoas ilustres da comunidade. Segundo o relato da colaboradora do jornal Taperá, Desdêmona Ignácio, em sua coluna “Encontro Marcado”, ela “exerceu sua profissão com ternura, sem fins lucrativos e por isso era muito estimada pelos saltenses.

Registre-se que ela não era uma parteira prática, pois frequentou a Escola de Medicina de São Paulo, fez o curso de Obstetrícia e só não concluiu os estudos em virtude das dificuldades da época, principalmente por causa da Revolução de 1932. “Quando começou a trabalhar – prossegue Desdêmona – colocou em ação todas as técnicas que aprendeu, aliadas ao seu coração, que a fizeram uma excelente profissional”. Até as crianças a conheciam, pois usava uma valise e, quando passava, os menores achavam em sua ingenuidade que dona Elisa guardava os bebês que a cegonha trazia dentro da valise. Com sol ou chuva, calor ou frio, dona Elisa atendia a todos, inclusive as futuras mamães que residiam em pontos afastados do centro, locais para onde ela ia usando os mais diversos tipos de transporte, como charrete, carroça ou cabriolé. O importante para ela era chegar e cuidar para que os bebês chegassem firmes e fortes. Seu trabalho não se resumia ao atendimento, pois quando notava que a mulher atendida não tinha condições, ela fornecia as roupinhas e até os lençóis e fraldas.


Família – Dona Elisa casou-se três vezes, a primeira aos 17 anos, morando ainda em Itu, com José Augusto de Amaral Coelho, com quem teve duas filhas: Benedita Lígia e Maria Augusta. O segundo casamento aconteceu quando ela ficou viúva, aos 21 anos de idade, ao contrair matrimônio com João Garcia, tendo nascido os filhos Manoel, Ana Rosa, Antonio, Luiz Gonzaga, Maria Vitória e Maria Isabel (Béi). O terceiro matrimônio foi com Luiz Pioli, com quem viveu 35 anos.

Faleceu em 29 de abril de 1986, aos 82 anos de idade, deixando um grande número de netos, bisnetos e tataranetos. Nos últimos dias de vida, recebia a todos que a visitavam com um sorriso nos lábios, demonstrando que em sua vida cumpriu até mais do que lhe era exigido como profissional e como mulher.

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