QUEM FOI QUEM
Pedro Zerbini, se dedicou à agricultura, mas foi na pecuária que se revelou um “mestre boiadeiro”
Apesar da rudeza do seu trabalho na agricultura e na pecuária, Pedro Zerbini tinha um grande coração e se dedicava à família e quem dele necessitasse de forma elogiável. Considerava-se um “boiadeiro” e nessa função se destacava com grande conhecedor, um verdadeiro mestre. Mas sua vida não foi sempre um mar de rosas, pois nos primeiros tempos ele teve que exercer funções modestas, até conseguir uma posição melhor. O trabalho foi sempre seu paradigma e isso foi demonstrado nas atividades que exerceu. Filho de imigrantes italianos Stefano Zerbini e Gersumina Berti Zerbini), nasceu em 25 de abril de 1924, em Indaiatuba, na Fazenda “Vila Mariana”, pertencente aos seus avós e não teve oportunidade de estudar, pois só conseguiu cursar o primeiro ano escolar. Nem por isso, porém, sua educação foi prejudicada, pois a vida lhe ensinou muita coisa e ele se adaptou a todas as funções que teve a oportunidade de exercer, começando bem cedo, trabalhando na fazenda dos seus avós ainda pequeno, quando deixou transparecer seu grande amor pela terra, pelos animais, especialmente o gado.
Quando sua família se mudou para Salto, na década de 1940, ele ainda era muito jovem, mas logo empregou-se como ajudante de caminhão e empregado num açougue, conseguindo adquirir este estabelecimento que se situava na Rua 9 de Julho, ao lado do armazém da Cooperativa Operária Saltense, na esquina com a Avenida D. Pedro II, onde hoje funciona uma das unidades das Lojas Cem.
Seu espírito empreendedor fez com que ele procurasse outras formas de sobrevivência, tendo feito durante algum tempo transportes com caminhão, tendo iniciado também a lida com o gado. Sua habilidade como vaqueiro era conhecida por todos na cidade e região. Tocava a boiada pelo centro de Salto, ainda sem calçamento, alegrando a meninada, que acompanhava de longe o “desfile”. Nessa época (de 1956 a 1957) administrou a Fazenda “Cana Verde”, uma das maiores da região.
Dedicou-se à agricultura também por um certo tempo, plantando milho, algodão, arroz, feijão e outras culturas paralelas, na fazenda do seu grande amigo Joaquim de Arruda Sontag. Mas sua preferência era mesmo pela criação de gado na época em que foi dono de um sítio (ano de 1960), onde havia a produção de laticínios. A paixão de sua vida era a criação de gado, tendo negociado muitas cabeças até o fim de sua vida.
Coração generoso – De um coração generoso, comandava os leilões em benefício da Sociedade São Vicente de Paulo, da matriz de Nossa Sra. do Monte Serrat e de São Benedito. Era grande amigo do padre Osvaldo Giuntini, que hoje é bispo e mantinha boas relações também com as madres do Externato (atual Escola) Sagrada Família, que sempre eram convidadas para o café da manhã ou para almoços. Destinava a essa escola frutas e legumes das safras anuais, assim como animais para os leilões que o Coleginho promovia.
Entidades – Pedro também colaborava com outras entidades locais, como na área esportiva, como vice-presidente da Associação Atlética Saltense e social, como um dos fundadores do Lions Clube de Salto, no qual permaneceu vários anos.
Família e homenagem – Era casado com Antonieta Bólido Zerbini, com quem teve 4 filhas: Terezinha, Salete, Maria Elizabeth e Elisete.
Faleceu em Indaiatuba, onde foi submetido a uma cirurgia, em 28 de junho de 1990.
Uma emotiva homenagem de sua filha Terezinha foi publicada no jornal Taperá um ano após seu falecimento. Nela, “Tere” diz que seu pai era “um homem simples, sem ambições, que encarava o trabalho como um dever” e que “era um verdadeiro mestre em seu ofício... um boiadeiro!”. E acrescentava outras características de Pedro: “verdadeiro mestre em seu ofício”, “modelo de luta, de raça teimosa e valente”, “seu amor pelo campo... pela terra abençoada... pela vida”, “seus olhos eram sua balança, pesava boi e boiada com precisão”, “era um grande conhecedor de gado”, “arquivou-se em minha memória, com carinho saudoso, as imagens de suas exímias laçadas à caça de um novilho”, “era laço certeiro no toco do chifre do nelore enfurecido”, “não sabia o significado das férias porque fez do seu trabalho seu lazer”.
Sua filha relata um episódio de sua vida: “A garra, a disposição de não querer parar era vital para ele. E como isso foi verdadeiro... Ele arriscou tudo, sua saúde, sua vida e fez, sem desconfiar, sua última façanha: a cela virou no cavalo que saiu em pelo e o cavaleiro foi pro chão. Mas o boi perdido no pasto, foi laçado pelo homem destemido. Contava então 66 anos. Tinha a alegria de um menino estampada no rosto ferido, orgulhoso de sua aventura...”.
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