QUEM FOI QUEM
Silvino Correia de Moraes: futebolista, vicentino e feitor de turma da Light
Em seus 91 anos de vida Silvino Correia de Moraes se destacou em pelo menos 3 atividades: foi um dos mais longevos futebolistas saltenses, se sobressaindo como goleiro em pelo menos três grandes equipes da cidade; durante mais de 50 anos, foi vicentino e por um longo período também foi funcionário da Light and Power (atual CPF Piratininga). Ele nasceu em Salto aos 5 de outubro de 1910, filho de Laurindo Correia de Moraes e Íria de Arruda Sampaio Moraes. Realizou seus estudos na única escola existente no município na época, o Grupo Escolar Tancredo do Amaral e ainda jovem (19 anos de idade) começou a trabalhar na Light, graças a um convite recebido de um dos diretores dessa concessionária de energia elétrica, Evaldo Merlini, que pretendia inscrever Silvino no Corinthians Saltense, que tinha sido fundado em 1º de maio de 1928, para garantir que ele defendesse o clube, pois era um dos grandes nomes do esporte saltense, na época.
Como era ainda jovem, Silvino ainda não era titular, pois o goleiro era Alcindo Gonzaga, mas logo ele assumiu o posto e não o deixou mais, pois demonstrava muitas qualidades na posição. Ele jogou pelo Corinthians até 1936, quando houve a fusão de 3 clubes para fundar a Associação Atlética Saltense: o próprio Corinthians, Ypiranga e São Paulo. Jogando pelo Corinthians conquistou vitórias importantes, como os 2 a 1 sobre o Corinthians Paulista; empate com o Guarani de Campinas, que era um dos grandes clubes do interior, em 1930 e vitória sobre o mesmo Guarani, por 1 a 0, em 1934; duas vitórias sobre o Itapetininga, que era considerado a melhor equipe do interior; duas vitórias sobre a Portuguesa de Desportos, em dois dias seguidos (dias 7 e 8 de setembro de 1934); vitória sobre outra equipe da 1ª divisão paulista, o Ypiranga de S. Paulo e vários triunfos sobre as principais equipes de Itu (Auto e Cruzada).
Triunfo memorável – Uma vitória do Corinthians Saltense que ficou na história do esporte saltense foi conseguida em 17 de abril de 1932, contra o Corinthians Paulista, que veio para Salto com todos os seus titulares. 2 a 1 foi o placar final, tendo o jornal “O Povo” publicado todos os lances da partida, inclusive destacando em seu final que Silvino (“o arqueiro local que esteve assombroso”), foi carregado pelos torcedores após o final da partida. Ele se machucou aos 17 minutos do 2º tempo e mesmo assim continuou jogando, tendo feito diversas defesas que garantiram a vitória da equipe local.
Na Saltense – Fundada em 29 de março de 1936, a A.A. Saltense contou com Silvino durante 10 anos. Ele atuou como titular nas equipes locais cerca de 20 anos, só abandonando o esporte depois de ser tricampeão pelo tricolor, nos anos de 1943, 1944 e 1945, numa equipe que despontavam valores como Quenca, Polo, Zinho, Imparato, Antenor, Mugnai, Joãozinho Garcia e outros. Além do tricampeonato, a Saltense foi a melhor equipe do Interior, vencendo o XV de Piracicaba na final, em Piracicaba, em 1937, por 3 a 2, sendo sua atuação destacada pela imprensa daquela cidade, que a classificou como “soberba”. A Saltense também tinha vencido o São Bento de Sorocaba, Auto de Itu, União de Porto Feliz, Rafard e outras equipes da região. Na decisão do título do ano seguinte, perdeu para o São Bento de Sorocaba, mas foi vice-campeã do Interior.
Vicentino – Durante mais de 50 anos Silvino atuou como vicentino, fazendo parte de uma das conferências da Sociedade São Vicente de Paulo, a de São Roque, da qual foi um dos fundadores. Ele, juntamente com seus companheiros de conferência, fazia a coleta de dinheiro e de alimentos que eram destinados às famílias carentes do município. Sentia satisfação em realizar esse trabalho de amor ao próximo.
Na Light – Silvino trabalhou durante 38 anos da Light, período em que foi feitor (chefe) de uma das duas turmas da companhia, da qual faziam parte Bedin, Fioco, Vecchiato, Parentella, Biloso, Candiani, Vendramini e outros. Eles eram responsáveis pela colocação de postes e de fiação nas vias públicas saltenses, atuando também na linha que ligava Salto a outros municípios, fazendo os necessários consertos para que a energia elétrica fosse restabelecida em dias em que aconteciam fortes chuvas na cidade e região. Brincalhão, Silvino costumava dizer sobre suas qualidades como goleiro: “Zamorra na Espanha, Silvino Correia de Moraes em Salto, Brasil” e “Silvino Correia de Moraes, aclamado pelo povo e pelas Forças Armadas Brasileiras”, durante a Ditadura iniciada em 1964.
Família – Ele era casado com Lourdes Ferreira de Moraes, com que teve 8 filhos, 7 mulheres (Zuleika, Rose, Zuleima, Georgina, Bernadete e Graziela) e 2 homens (Silvino Filho e Jorge Luiz).
Ele faleceu em 6 de abril de 2001, aos 91 anos de idade.
Homenagens – Em vida ele recebeu diversas homenagens principalmente da A.A. Saltense, como aconteceu em 1978, quando lhe foi entregue um troféu, juntamente com seu companheiro do Corinthians e Saltense, Amadeu Mosca. No aniversário do clube, em março de 1979, ele, ex-atletas e o ex-técnico Orpheu Facchini receberam troféus pelos bons serviços prestados à agremiação através dos anos. Além de Silvino foram homenageados na ocasião, Antonio Polo, Joãozinho Garcia, João Batista Caleffo, Luiz Castelani, Silvio Mosca e Signifredo Rubinato, alguns deles acompanhados de familiares.
Silvino também foi homenageado pela Câmara e Prefeitura de Salto, sendo seu nome dado a uma das ruas do Residencial Moutonnée.
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